Quando você realiza o exame de fundo de olho no seu paciente, muitas vezes a imagem fica LINDA no seu Eyer, porém quando você imprime o resultado pode não ser satisfatório.
Essa situação pode acontecer diversas vezes, principalmente por conta das diferenças entre o sistema de cores da tela eletrônica e o da impressora, reproduzido no papel.
Isso ocorre porque as cores das telas são definidas pelo sistema aditivo de cores, enquanto que o da impressora é definido pelo sistema subtrativo.
Figura 1. Exemplos de sistema aditivo (esquerdo) e subtrativo (direita) de cores. |
No sistema aditivo, usado nas telas dos equipamentos eletrônicos, há a combinação da luz para a formação das diferentes cores que o a tela consegue reproduzir, partindo das cores base vermelho, verde e azul (RGB). Começando pela ausência de luz (escuridão), adicionando progressivamente cada cor da luz primária vai-se obtendo tons mais leves, variando a proporção para criar cores diferentes. Por exemplo, o vermelho e o verde, em proporções iguais, produzem o amarelo. Misturando igualmente a quantidade de cada uma das cores primárias, obteremos a luz “branca”.
Já no sistema subtrativo, as cores base para a formação das outras são a ciano, amarelo e magenta (CYM). Esse sistema geralmente vem acompanhado também da letra K representando o preto (CMYK – Cian/Ciano, Magenta, Yellow/Amarelo e Key-black/Preto). Nas cores subtrativas a soma dos pigmentos produzem o preto e a ausência delas é considerada a cor branca. É utilizado para impressões e artes gráficas.
Assim, quando vemos uma imagem no computador, temos os pixels luminosos da tela definido pelo RGB. Por outro lado, quando vemos uma foto impressa, os pontos coloridos no papel indicam a concentração da quantidade de tinta de cada uma dessas três cores bases do CMY ou CMYK.
Aparentemente, fazer a transformação de um sistema para o outro, aditivo para o subtrativo ou vice-versa, parece ser uma atividade simples do ponto de vista teórico, porém na prática ele depende de muitos outros fatores como:
- papel utilizado
- qualidade da tinta
- qualidade da impressora
- diferenças entre impressoras
- forma como a impressão é feita
- ajuste de gama, contraste e saturação
- pontos por mm na impressão
Isso pode fazer com que a imagem que está com qualidade excelente na tela deixe muitas vezes a desejar quando impressas.
Neste artigo trazemos algumas dicas de como auxiliar a resolver este problema.
Papel indicado
Os papéis indicados para a impressão de exames oftalmológicos são os fotográficos, pois permitem uma qualidade melhor de impressão, permitindo visualizar detalhes do olho muito parecidos com os presentes na tela.
Para as imagens do Eyer, indicamos o papel Glossy A4 com gramatura 220 g/m2.
Figura 2. Papel glossy da Spiral.
Este papel, além de ter alta qualidade, entrega um laudo bonito e apresentável ao paciente, com uma espessura que valoriza o laudo. Além disso, o papel apresenta brilho, o que torna a imagem impressa muito mais próxima daquela vista na tela do Eyer.
Outro ponto a se considerar é que papéis sulfite convencionais ou foscos acabam absorvendo muito a tinta, o que deixa as imagens mais escuras. Esse efeito é minimizado com o papel glossy.
Veja um exemplo abaixo sobre a importância do uso do papel correto:
Figura 3. Impressão em papel sulfite comum (foto escaneada). |
Figura 4. Impressão em papel glossy 220 g/m2 (foto escaneada). |
Sim. A diferença é gritante e absurda! Veja como o papel sulfite absorveu a tinta e ficou mais opaco, enquanto o glossy ficou com a cor viva, dando para ver com detalhes a retina, incluindo pequenos vasos e camada de fibras nervosas. Qual deles encantaria mais o paciente?
Ainda, a foto no papel glossy ficou com mais brilho, o que também é possível de se ajustar e será exibido na sequência.
Agora veja a diferença entre o papel glossy 220 g/m2 e o papel couchê brilho 120 g/m2.
Figura 5. Impressão em papel couchê brilho 120 g/m2. (foto escaneada) |
Figura 6. Impressão em papel glossy 220 g/m2. (foto escaneada) |
Novamente a diferença é impressionante e isso ocorre, principalmente, pelo couchê ser um papel mais fino e “poroso”, que absorve mais a tinta. Em algumas regiões da imagem, o couchê chega borrar os vasos da retina.
Outro papel bastante utilizado para fotografia é o papel fotográfico matte, conforme exibido na sequência.
Este papel tem menos brilho se comparado ao papel glossy, dado que é fosco, e entrega uma qualidade de impressão interessante. O que utilizamos aqui é o papel fotográfico Spiral matte A4 230 g/m2.
Figura 7. Papel fotográfico matte Ultra Premium.
Figura 8. Impressão no papel Matte 240g/m2. (foto escaneada) |
Figura 9. Impressão no papel glossy 220 g/m2. (foto escaneada) |
Apesar de ambos terem qualidades de impressão muito parecidas, o papel Matte por ser fosco não valoriza tanto a imagem, deixando-a mais opaca em relação ao que é visto na tela.
Dessa forma, recomendamos o papel fotográfico glossy 220 g/m2.
Outro ponto importante está relacionado às configurações da impressão no computador antes do envio à impressora. Nesse caso, necessita-se escolher o tipo de papel correto, bem como definir a qualidade da impressão. No caso do papel glossy, normalmente ele é identificado como Papel Fotográfico Brilhante.
Figura 10. Configuração a ser realizada antes da impressão. |
Veja na sequência a diferença entre a qualidade Rascunho, Normal e Máxima para a impressora EPSON XP240.
Impressionante ver a diferença! Tantos as imagens como rascunho ou normal apresentam linhas não impressas, o que causa a impressão que está faltando alguma coisa na foto. No entanto, para a alta qualidade, a imagem da foto fica perfeita, podendo ver todos os detalhes. Com certeza o paciente preferirá a terceira opção.
Vale ressaltar que algumas impressoras, como a EPSON L805, mostrada a seguir, apresentam qualidade de impressão muito boas, mesmo para o modo normal ou rascunho. Recomendamos que teste na sua impressora e encontre a melhor configuração que atenda às necessidades dos pacientes, com custo coerente.
Impressoras indicadas
Atualmente a maioria das impressoras jato de tinta ou a laser têm qualidade interessante para a impressão de fotografias. No entanto, algumas se destacam, tanto por custos mais baixos de impressão, quanto pela qualidade. Na sequência, algumas serão apresentadas.
Epson L805
Esta impressora é uma linha de alta qualidade indicada para estúdios e fotógrafos pois permite a geração de materiais em altíssima qualidade. Também é interessante uma vez que utiliza a tecnologia EcoTank da Epson, tendo o custo de impressão por página mais em conta.
O custo em Janeiro de 2023 desta impressora varia de R$ 2.500,00 a R$ 3.000,00.
Figura 14. Impressora Epson Ecotank L805 recomendada para impressão em alta qualidade.
Esta impressora, apesar da alta qualidade, demanda um pouco mais de conhecimento para a configuração, uma vez que não tem um painel simples como as demais. Neste caso, a configuração é realizada através de um aplicativo que é executado no computador, que permite a configuração.
Após configurada, a impressora permite a impressão em alta qualidade usando o Wi-fi. Assim, estando na mesma rede do Eyer, a impressão é muito facilitada.
A L805 não é multifuncional, porém tem mais espaço para galões de tinta, o que permite imprimir mais páginas sem necessidade de recarga, agilizando o dia-a-dia na clínica.
Em testes realizados, a qualidade de impressão de imagens oftalmológicas ficou muito boa e apresentável, mesmo com a impressora no modo econômico.
Figura 15. Resultado de impressão com a Epson L805. (foto escaneada) |
Epson L4160
Esta impressora da Epson também é Ecotank, o que permite uma impressão a um custo mais baixo. A impressora é um pouco mais acessível que a anterior e tem também a funcionalidade de scanner, sendo multifuncional.
Figura 16. Epson L4106 para impressão focada em escritórios.
Esta impressora também apresenta uma boa qualidade de impressão, porém a imagem deve ser impressa com a configuração em alta qualidade.
Figura 17. Imagem obtida pela impressão em alta qualidade com a Epson L4160. (imagem escaneada) |
A L4160 apresenta ótimo custo benefício e acaba sendo indicada para clínicas que não tenham um volume tão alto de impressão, sendo uma impressora comum em escritórios.
Veja que a cor entre as duas impressões, comparando a L4160 (Figura 16) com a L805 (Figura 17), tem uma diferença significativa.
Assim, em muitos casos, as impressoras não conseguem manter a fidelidade de cor e ajustes devem ser realizados para que as imagens fiquem o mais próximo possível da cor real.
Epson L3250
Uma outra opção de impressora Ecotank é a Epson L3250, também multifuncional permitindo um uso versátil para outros fins utilizados no consultório. Possui uma tecnologia que não requer aquecimento da tinta no processo, garantindo mais rapidez na impressão e economia de energia.
Possui um custo mais acessível mas entrega uma ótima qualidade na impressão das imagens.
Ajustes importantes para fidelidade de cor
Em alguns casos, é necessário realizar a configuração de cores de sua impressora para permitir imprimir as imagens o mais próximo possível das visualizadas durante o exame.
O vídeo abaixo mostra como realizar essa correção para as impressoras Epson de maneira simples e prática. Outras impressoras, como HP ou Lexmark, também tem configurações parecidas.
Como mostrado no vídeo, basta configurar o gama, contraste e saturação de sua impressora e realizar testes para verificar se a imagem está atingindo uma qualidade adequada. Vale lembrar que o papel e a qualidade de impressão devem estar configurados corretamente também para obter imagens em altíssima qualidade.
Conclusão
Neste artigo mostramos algumas dicas simples de como melhorar a impressão de imagens oftalmológicas, em especial imagens do fundo do olho.
Durante a análise, notamos que as impressoras jato de tinta ou a laser possuem qualidades muito interessantes de impressão e a maior parte atende à necessidade dos oftalmologistas em entregar um laudo e imagens de qualidade aos pacientes. Mesmo impressoras mais simples e acessíveis apresentaram uma qualidade interessante na impressão das fotos de retina.
Neste cenário, os dois fatores que mais impactam foram: tipo de papel utilizado e configuração correta para a impressão.
Assim, recomendamos o papel fotográfico glossy 220 g/m2 e a correta configuração para a impressão, selecionando este tipo de papel antes do envio à impressora. Ainda, indicamos o teste em diferentes qualidades de impressão, uma vez que impressoras como a L805 tem qualidade de imagem muito boa mesmo nos modos mais econômicos de tinta.
Por fim, caso sejam necessários ajustes de cor, sugerimos configurar as opções de pré-impressão para o ajuste de gama, contraste e saturação da impressora. Isso pode fazer as imagens ficarem mais fidedignas com as vistas na tela e a impressionar, ainda mais, os pacientes.