Até 2030, mais de meio bilhão de pessoas devem ser diagnosticadas com diabetes. Atualmente, o Brasil é o sexto país com a maior população de diabéticos do mundo.
Hoje, não há estratégia nacional de rastreamento de retinopatia diabética pelo SUS. Por isso, ações sociais para o diagnóstico da doença em comunidades com infraestrutura deficitária em saúde são tão importantes.
Como exemplo, temos o Mutirão do Diabetes de Itabuna (BA) e oIluminar, no interior do estado de Sergipe, apoiado pela ONG Retina Global. A instituição norte-americana atua na criação de soluções sustentáveis para o controle de doenças da retina em áreas carentes do mundo todo.
De setembro de 2021 a março de 2022, o Iluminar utilizou o retinógrafo portátil Eyer para triagem de retinopatia diabética em Itabi, Graccho Cardoso, Canindé de São Francisco e Poço Redondo.
O equipamento funciona acoplado a um smartphone e realiza exames de retina em poucos minutos, com alta qualidade, e disponibiliza as imagens na plataforma online EyerCloud, facilitando laudos remotos.
Os resultados do projeto piloto foram apresentados no ARVO 2023, um dos congressos internacionais mais renomados da oftalmologia, que ocorreu em abril nos Estados Unidos.
O estudo
Um dos líderes do projeto Iluminar, o oftalmologista Fernando Malerbi, explica que o objetivo do estudo clínico observacional retrospectivo foi avaliar a capacidade de graduação da imagem da retina obtida com uma câmera retiniana portátil de baixo custo e não midriática — no caso, o Eyer — e o uso de inteligência artificial e telemedicina na triagem de retinopatia diabética (RD).
Ao todo, 968 pessoas com diabetes foram avaliadas:
65,9% eram mulheres;
Idade média de 60,3 ± 14,2 anos;
Duração do diabetes de 8,0 ± 7,2 anos;
64,2% tinham hipertensão sistêmica;
17,7% faziam uso de insulina;
28,5% haviam realizado exame de fundo de olho no passado;
20,6% eram analfabetos;
50,6% tinham apenas o ensino fundamental;
3,4% tinham plano de saúde.
Um técnico treinado obteve as imagens oculares sem dilatação da pupila e depois avaliou a qualidade da imagem. A RD encaminhável, definida como não proliferativa grave ou proliferativa ou a presença de maculopatia diabética, foi detectada automaticamente por um sistema de inteligência artificial (IA) embutido no dispositivo, o EyerMaps. Na ocasião, a IA foi disponibilizada para validação clínica.
O EyerMaps apontou possibilidade de retinopatia com alta taxa de sensibilidade em alguns segundos. Todos os exames foram posteriormente avaliados por oftalmologistas.
Os pacientes com imagens inadequadas foram submetidos à dilatação pupilar e, a seguir, nova avaliação. Aqueles com imagens não graduáveis mesmo após midríase, juntamente com casos de RD encaminháveis, foram conduzidos para avaliação oftalmológica.
Já os critérios de exclusão foram opacidades da córnea que impediam a classificação de RD. A principal medida de resultado foi a gradabilidade da imagem.
Os resultados
A classificação foi possível para 858 indivíduos (88,6%), sendo que 85 destes (9,9%) apresentaram RD encaminhável. A não classificação foi associada à idade avançada e maior duração do diabetes.
Dentre os pacientes com imagens graduáveis, 81% não precisaram de dilatação pupilar. A necessidade de midríase esteve associada à idade avançada, maior duração do diabetes, maiores taxas de hipertensão e RD mais grave.
A estratégia de usar uma câmera portátil de baixo custo com sistema de IA embutido e midríase, quando necessário, obteve imagens adequadas em 90% dos casos em um ambiente real com poucos recursos. “Evitar a dilatação pupilar desnecessária contribui para aumentar a adesão aos programas de triagem de retinopatia diabética”, pontua Malerbi.
Portabilidade facilitou triagem
A triagem, inédita na região, foi realizada em clínicas de atenção primária localizadas próximas às residências dos pacientes para incentivar a adesão.
Malerbi aponta que a portabilidade do Eyer foi um dos facilitadores para isso, assim como a conectividade. “Contamos com especialistas remotos avaliando as imagens, às vezes em tempo real”, explica. Todos os exames foram enviados para o EyerCloud.
Por fim, Malerbi também ressalta a disponibilidade do EyerMaps para uso na ação social. “Os oftalmologistas parceiros eram notificados instantaneamente toda vez que o EyerMaps identificava alta chance de retinopatia. Assim, podíamos direcionar os pacientes prioritários para exame de confirmação e, quando indicado, o tratamento”, conta.
A IA detecta com alta acurácia qualquer suspeita de anormalidades retinianas. Em poucos segundos após capturar a foto do fundo do olho, caso uma suspeita de alteração seja detectada, o sistema gera uma nova imagem com um mapa de atenção (heatmap) destacando potenciais anormalidades na retina.
Sincronizada ao EyerCloud, classifica de forma simples e visual as imagens e exames capturados em função da probabilidade de alteração utilizando marcadores coloridos:
Verde: imagem ou exame com baixa probabilidade de alteração (até 30%);
Amarelo: imagem ou exame com média probabilidade de alteração (de 31 a 70%);
Vermelho: imagem ou exame com alta probabilidade de alteração (71 a 100%).
Todos os pacientes diagnosticados com retinopatia diabética foram encaminhados para tratamento de laser gratuito.
Ensinar os futuros oftalmologistas, ainda durante a graduação, e fazer a diferença na saúde visual da população. Essa é a proposta do concurso “De Olhos para o Futuro”, realizado pela Associação Brasileira de Ligas Acadêmicas de Oftalmologia (ABLAO) em parceria com a Phelcom Technologies e com apoio do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).
O concurso selecionará 10 projetos que objetivem a redução da cegueira por patologias do segmento posterior por meio da realização de exames de fundo de olho e uso de telemedicina e de inteligência artificial. Para apoiar os alunos, a Phelcom disponibilizará 20 unidades do seu retinógrafo portátil Eyer, com acesso ao recurso EyerMaps e ao sistema em nuvem EyerCloud.
Os interessados devem se inscrever até 14 de julho. As equipes receberão treinamento para manusear o Eyer e terão dois meses para executar o projeto. Os vencedores serão anunciados durante a sessão ABLAO no Congresso de Oftalmologia da Universidade de São Paulo (COUSP), em 2 de dezembro, em São Paulo.
O projeto vencedor ganhará um Eyer da Phelcom e 15 inscrições para acadêmicos de medicina no Congresso Brasileiro de Oftalmologia (CBO) de 2024. Já o segundo colocado receberá um Eyer e 10 inscrições para o CBO 2024. Por fim, o terceiro lugar fica com um Eyer e 5 inscrições no CBO 2024.
Confira o edital completo do concurso “De Olhos para o Futuro” aqui.
Lançamento
No dia 6 de junho, ocorreu o lançamento oficial do concurso nas plataformas oficiais da ABLAO e da Phelcom. O evento foi transmitido ao vivo e contou com a participação do professor mentor da ABLAO, Dr. Pedro Carricondo, do presidente da ABLAO, Dr. Luís Sabage, da primeira secretária do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), Dra. Wilma Lelis Barboza, e do cofundador e CEO da Phelcom, José Augusto Stuchi.
O presidente da ONG Unidos pela Diabetes, Dr. Rafael Andrade, também esteve presente como convidado especial. O médico ministrou uma palestra destacando os mutirões realizados em Itabuna (BA) como um exemplo concreto dos impactos positivos que projetos como esse podem ter na saúde visual da população. Confira como foi o lançamento:
Aprendizado na prática
Sabage explica que a maioria dos casos de cegueira irreversível é consequência, principalmente, de patologias no segmento posterior. “Por isso, é importante acompanhar o paciente através da fundoscopia. Esse exame é realizado no sistema primário. E quem, geralmente, está na porta de entrada do sistema de saúde é o médico recém-formado. Estudos demonstram que eles ainda não se sentem seguros para atender casos oftalmológicos e que, na maioria das vezes, ainda não estão preparados para reconhecer os riscos de uma cegueira irreversível”, ressalta.
Além de impactar no diagnóstico de patologias da retina e encaminhamento de pacientes, o concurso busca estimular o ensino oftalmológico na graduação, fomentar a criatividade e senso de voluntariado, estimular a prática exercida na realidade, desenvolver habilidades de gestão e criação de projetos e incentivar o uso de novas tecnologias para o ensino médico e para o desenvolvimento em saúde.
Objetivos também da ABLAO, que desde 2013 incentiva o ensino, a pesquisa e projetos de extensão das Ligas Acadêmicas de Oftalmologia filiadas, além de criar oportunidades para integração das ligas e fomentar o interesse pela área.
Para Carricondo, o concurso “De Olhos para o Futuro” preenche uma lacuna na formação do médico que é o pensar mais sobre acessibilidade do paciente ao serviço de saúde. “É um dos projetos mais ambiciosos e mais bonitos da ABLAO, que ainda conta com o apoio de uma empresa parceira da oftalmologia e que acredita nos alunos antes mesmo de se tornarem médicos, que é a Phelcom”, afirma.
Problema de retina na família incentivou fundação da Phelcom
A história da Phelcom começou em 2016, quando três jovens pesquisadores – um físico, um engenheiro eletrônico e um engenheiro de computação – criaram um retinógrafo portátil integrado a um smartphone.
O projeto do primeiro protótipo nasceu do interesse do sócio Diego Lencione pela saúde visual, pois seu irmão tem uma condição que comprometeu a retina e a visão de forma severa desde a infância.
Em 2019, a Phelcom lançou no mercado brasileiro o seu primeiro produto: o retinógrafo portátil Eyer. O equipamento funciona acoplado a um smartphone e realiza exames de retina de alta qualidade, em poucos minutos e sem a necessidade de dilatação da pupila.
A tecnologia apoia no diagnóstico de mais de 50 doenças, dentre elas glaucoma, catarata, retinopatia diabética, DMRI, retinoblastoma, retinopatia hipertensiva e toxoplasmose ocular.
Hoje, já alcançou mais de duas milhões de pessoas em todo o Brasil e nos países em que está presente, como Estados Unidos, Japão, Chile e Colômbia.
Recentemente, a empresa lançou o EyerMaps, um inovador sistema de Inteligência Artificial (IA) que roda embarcado no Eyer e detecta com alta acurácia qualquer suspeita de anormalidades retinianas.
Em poucos segundos, após capturar a foto do fundo do olho, caso uma suspeita de alteração seja detectada, a IA gera uma nova imagem com um mapa de atenção (heatmap) destacando potenciais anormalidades na retina.
Sincronizada ao EyerCloud, sistema em nuvem da Phelcom para gerenciamento de dados e exames dos pacientes, a ferramenta classifica de forma simples e visual as imagens e exames capturados em função da probabilidade de alteração utilizando marcadores coloridos nas imagens e exames:
Verde: imagem ou exame com baixa probabilidade de alteração (até 30%);
Amarelo: imagem ou exame com média probabilidade de alteração (de 31 a 70%);
Vermelho: imagem ou exame com alta probabilidade de alteração (71 a 100%).
Todas as funcionalidades do Eyer estarão à disposição dos alunos durante o concurso “De Olhos para o Futuro”.
O CEO da Phelcom, José Augusto Stuchi, acredita que as empresas têm um papel social muito importante. Em quatro anos, a Phelcom já participou de mais de 100 ações sociais, como o maior mutirão de diabetes, em Itabuna (BA), e campanhas da ONG Retina Global em Sergipe e no Quênia.
“A nossa missão é muito clara: ajudar a diminuir a cegueira”, afirma Stuchi.
A Retina Global é uma organização internacional sem fins lucrativos que busca viabilizar soluções sustentáveis para o cuidado de doenças da retina em áreas carentes em todo o mundo.
Atualmente, a instituição tem projetos na América Central e do Sul e na África e já implementou programas na Tanzânia, Quênia, Bolívia, Belize, Bahamas, Burundi, Etiópia, Haiti e no Brasil.
Para conseguir fazer o exame rapidamente (sem precisar dilatar a pupila), em alta qualidade e disponibilizar as imagens em nuvem para diagnóstico remoto, a equipe utilizou o smartdevice Phelcom Eyer.
Recentemente, a organização usou novamente o equipamento para rastrear doenças da retina em Kericho, cidade da área rural do Quênia, na África.
Em seguida, conheça mais sobre o projeto da Retina Global no Quênia com o apoio do Eyer.
Retina Global no Quênia
Durante dois dias, a equipe voluntária do Retina Global fez uma avaliação inicial e, em seguida, encaminhou os pacientes para o exame de fundo do olho com o Eyer. Imediatamente, as imagens, juntamente com os históricos dos pacientes, foram disponibilizadas na plataforma on-line Eyer Cloud.
Especialistas em retina alocados nos Estados Unidos fizeram os laudos. Ao todo, 26 pessoas apresentaram problemas na retina, sendo uma criança e um jovem adulto. “Com isso, conseguimos um rápido diagnóstico e já pudemos iniciar o tratamento precoce”, ressalta o líder do projeto Retina Global no Quênia, Diane Steinhilber.
Agora, uma enfermeira está em treinamento para fazer a captura das imagens com o Eyer. “Continuaremos com o aparelho para identificar e selecionar os pacientes que necessitam de cuidados especializados com a retina”, reforça.
Falta de acesso à saúde dos olhos
Steinhilber explica que o grande desafio desse projeto é a falta de um especialista em retina nesta parte rural do Quênia. Os pacientes que necessitam de tratamento especializado são encaminhados para hospitais em Nairóbi, capital do país, que fica a cinco horas de distância.
“Para consultar o médico, eles enfrentam uma árdua e longa viagem, bem como o tempo distante de seus empregos e famílias. A triagem realizada com o Eyer permite que encaminhemos apenas aqueles que realmente precisam ser atendidos em centros especializados”, fala.
Como alguns pacientes têm dificuldade para chegar ao hospital, o projeto planeja levar uma equipe treinada para missões na comunidade. Além disso, o projeto está em busca de uma máquina portátil para tratamento a laser e de instrumentos para realizar outros tipos de terapias, como injeções intraoculares, e cirurgias.
“Nossa equipe avaliou em detalhes qual seria o melhor caminho para implementar um projeto que pudesse proporcionar exames e informação sobre cuidados com a retina e, ao mesmo tempo, fosse sustentável no longo prazo”, conta. Dessa forma, o projeto no Quênia foi distribuído em fases que serão implementadas ao longo de cinco anos.
Uso do Eyer no Quênia
A equipe do Retina Global no Quênia participou de um treinamento remoto para aprender a manusear a tecnologia. “O Eyer é extremamente fácil de usar. É possível identificar prontamente as imagens, criar rapidamente o banco de dados dos pacientes e enviar as fotografias para o médico alocado nos Estados Unidos fazer a revisão e laudo”, afirma.
O líder do projeto também ressalta que outra vantagem do Eyer é não apenas ter registros para acompanhamento de pacientes e continuidade do atendimento, mas ser uma forma de obter informações sobre a prevalência de doenças da retina naquela região.
“Sem o Eyer, o Retina Global no Quênia não teria nem começado. Além de usá-lo em mais comunidades locais, estamos planejando incluí-lo em outros projetos que ocorrerão pelo mundo”, finaliza.
Phelcom Eyer
O Phelcom Eyer é um retinógrafo portátil que funciona acoplado a um smartphone e realiza exames de retina de alta qualidade, em poucos minutos e sem a necessidade de dilatação da pupila.
Integrado a uma plataforma online, o Eyer Cloud, os dados são enviados automaticamente e podem ser analisados por um especialista em qualquer lugar do mundo. Ou seja, permite o diagnóstico remoto.
Além disso, a inteligência artificial embarcada fornece funções inteligentes para auxílio ao diagnóstico médico e a captura dos exames de retina. Por outro lado, a portabilidade e o valor mais acessível da tecnologia democratizam o acesso a exames de retina. O Eyer é cerca de 10x mais acessível em comparação com um retinógrafo de mesa que ainda têm de ser integradas num computador.
A tecnologia foi desenvolvida pela startup Phelcom Technologies e hoje está presente em todo o Brasil e em países como Estados Unidos, Japão e Chile.
Em outubro do ano passado, a ONG Doutores da Amazônia realizou uma missão com um objetivo especial: levar atendimento oftalmológico completo e gratuito para aproximadamente 500 indígenas da Aldeia Marmelos, no Amazonas.
A ONG oferece acesso a saúde para as comunidades indígenas brasileiras por meio de atendimentos especializados, técnicas e equipamentos modernos e avançados e profissionais de alta competência, sempre respeitando a ancestralidade de suas culturas e valores. Desde sua fundação, em 2015, já realizou mais de 64 mil atendimentos e procedimentos médicos e odontológicos.
Para documentar o fundo do olho e o segmento anterior dos pacientes, a equipe médica voluntária utilizou o smartdevice Phelcom Eyer. O equipamento funciona acoplado a um smartphone e realiza exames de retina de alta qualidade, em poucos minutos e sem a necessidade de dilatação da pupila. Por ser integrado à nuvem, disponibiliza automaticamente os dados na plataforma online EyerCloud para serem analisados por um especialista em qualquer lugar do mundo. Ou seja, permite o diagnóstico remoto.
“Além de ser portátil e não necessitar de internet no momento do exame, o Eyer otimiza os atendimentos e faz toda a documentação dos pacientes, o que permite acompanhá-los de forma correta. Essencial para qualquer ação em áreas remotas”, ressalta a oftalmologista Jade Fernandes de Melo, uma das voluntárias do projeto.
As principais doenças da retina diagnosticadas pela ONG foram retinopatia diabética, glaucoma, Doença Macular Relacionada à Idade (DMRI) e hialose asteroides, dentre outras. Os médicos também detectaram catarata, alterações refrativas e pterígios. Os pacientes foram encaminhados para tratamento na Saúde Indígena.
Melo avalia o aparelho como de fácil manuseio, autodidático, excelente qualidade de imagens e essencial no atendimento primário. “O Eyer pode fazer a diferença na vida de muitas pessoas ao levar acesso oftalmológico para comunidades remotas e com déficit em infraestrutura de saúde”, acredita Melo.
Em parceria com a ONG Retina Global, médicos planejam realizar exames de retinografia digital e mapeamento da retina em mais de 15 mil pacientes diabéticos no interior de Sergipe.
No ano passado, a ONG Retina Global interessou-se pelo desenvolvimento de um projeto social para o diagnóstico e tratamento de retinopatia diabética no Brasil. A instituição norte-americana atua na criação de soluções sustentáveis para o controle de doenças da retina em áreas carentes do mundo todo.
Assim, em parceria com os oftalmologistas Fernando Malerbi e Gustavo Melo, surgiu o projeto Iluminar para rastreamento e tratamento de retinopatia diabética em 13 munícipios do sertão de Sergipe. A região foi escolhida pelo grupo pelo histórico de pobreza relacionada à seca e pela falta de assistência oftalmológica na saúde pública.
Até o momento, mais de 700 pessoas passaram por exames de retina nas cidades de Itabi, Graccho Cardoso e Canindé de São Francisco. “Aproximadamente 150 pacientes foram submetidos a um novo exame de mapeamento da retina com a equipe de retinólogos no local. Desses, 50 foram encaminhados para tratamento com fotocoagulação a laser”, ressalta um dos líderes do projeto, o oftalmologista Gustavo Melo.
Os mutirões contam com dois técnicos de saúde, cerca de dez funcionários das Unidades Básicas de Saúde (UBS) de cada município e quatro oftalmologistas voluntários, sendo que parte emite os laudos de forma remota.
As imagens da retina são feitas com o smartdevice Phelcom Eyer. Acoplado a um smartphone, o aparelho realiza exames com alta qualidade, em poucos minutos e sem a necessidade de dilatação da pupila. Por ser integrado à nuvem, disponibiliza automaticamente os dados na plataforma on-line EyerCloud. Dessa forma, o laudo pode ser emitido por um médico localizado em qualquer lugar do mundo.
“O Eyer permite otimizar o tempo e os custos ao rastrear a população diabética do interior sem que os pacientes precisem se deslocar às cidades que possuem equipamentos e especialistas. Outra vantagem é a não midríase, já que 90% dos casos não precisam de dilatação da pupila”, explica Melo.
Para os mutirões do projeto Iluminar, o smartdevice também oferece uma inteligência artificial que identifica retinopatia diabética e outras doenças oculares com mais de 95% de sensibilidade em apenas três segundos. Em seguida, o exame é enviado para conferência e laudo do oftalmologista. A IA está em fase final de testes.
Próxima etapa
Neste mês, o projeto estará presente em Poço Redondo. O objetivo é atender 15 mil pacientes diabéticos, em 13 cidades sergipanas, no período de dois anos.
“O grande diferencial do Iluminar é a otimização do tempo, essencial para o diagnóstico precoce e, assim, diminuir consideravelmente as chances de cegueira por diabetes. Com a conscientização da população e dos gestores públicos da eficiência e custo mais baixo dessa forma de rastreio da retinopatia diabética, podem surgir políticas de saúde para o tratamento da doença e de outras que afetam a retina”, analisa Melo.
No início de 2019, um colega apresentou o smartdevice Phelcom Eyer ao oftalmologista e especialista em retina Gustavo Melo. Acoplado a um smartphone, o equipamento realiza exames de fundo do olho com alta qualidade, em poucos minutos e sem necessidade de dilatação da pupila. Por ser conectado à uma plataforma on-line, o Eyer Cloud, permite o diagnóstico remoto e garante a segurança dos dados na nuvem.
“Investi na tecnologia por acreditar que seria um aparelho que poderia revolucionar a maneira como se rastreia e diagnostica a retinopatia diabética na população que não costuma ser monitorada com a devida regularidade nos consultórios oftalmológicos”, conta.
Hoje, Melo já realizou mais de dois mil exames com os dois aparelhos que possui. Um deles é utilizado em uma clínica endocrinológica para rastreamento de pacientes com diabetes. “Os que apresentam alguma alteração são encaminhados para avaliação oftalmológica detalhada. Já os que possuem taxas normais são reexaminados anualmente”, explica.
Oftalmologista Gustavo Melo
O segundo Eyer é usado para rastreamento de retinopatia diabética em unidades públicas de saúde em Aracaju (SE) e cidades do interior do estado, em ações voluntárias por meio de parceria com gestores públicos. “A finalidade é ser uma forma contínua de realizar campanhas de detecção precoce e conscientização sobre a doença”, afirma.
Além disso, Melo revela que, em conjunto com o oftalmologista Fernando Malerbi, está desenvolvendo um projeto para rastreamento e tratamento de retinopatia diabética na população de 13 munícipios do sertão sergipano. A ação será em parceria com a ONG norte-americana Retina Global e a Phelcom Technologies, startup responsável pelo Eyer.
“Acho que o Eyer é um marco revolucionário no atendimento primário, pois poderá alterar a forma como os gestores de saúde previnem a cegueira por retinopatia diabética”, avalia. Para o oftalmologista, o uso do equipamento também no SUS deve diminuir o custo da avaliação por paciente.
Phelcom Eyer
Imagem feita pelo oftalmologista Gustavo Melo com o Eyer.
Sobre as vantagens da tecnologia, Melo relata que o manuseio é muito fácil, as imagens têm alta qualidade e o custo-benefício é excelente. Em relação à plataforma on-line EyerCloud, o médico ressalta a interface muito amigável e processamento extremamente veloz. “Talvez essa ferramenta seja uma das melhores características do Eyer”, afirma.
O Phelcom Eyer é integrado ao Eyer Cloud, permitindo o armazenamento e gerenciamento dos exames dos pacientes. Todos os dados capturados pelo equipamento são sincronizados automaticamente com o sistema, permitindo que subam para a nuvem com total segurança.
Dentre as principais funcionalidades, estão a possibilidade de separar as informações de pacientes com mais de uma clínica e visualizar ambos dentro da plataforma; localizar um paciente por nome ou data do exame; e criar templates de laudos com modelos pré-prontos disponíveis no sistema.
Se não houver acesso à internet no momento do exame, as imagens ficam salvas no aparelho e são enviadas para a nuvem assim que houver conexão.
A ferramenta pode ser acessada no próprio aparelho ou por celular, tablet e computador.
Imagem feita pelo oftalmologista Gustavo Melo com o Eyer.
Sobre o suporte para lâmpada de fenda da Phelcom, que permite a fixação do Eyer, o oftalmologista conta que facilita bastante a realização dos exames por manter o aparelho estático. E, com a pandemia do novo coronavírus, também evita o contato da mão do operador com a pele do paciente.
“O Eyer é um verdadeiro divisor de águas na forma como se detecta e trata retinopatia diabética, assim como outras doenças da retina”, finaliza Melo.
Phelcom Technologies
O Eyer é o primeiro equipamento da Phelcom Technologies, startup que une tecnologia e saúde, com sede em São Carlos (SP). Cria dispositivos portáteis, conectados e vestíveis com o propósito de democratizar o acesso à saúde, oferecendo mais com menos e para mais pessoas.
Imagem feita pelo oftalmologista Gustavo Melo com o Eyer.