Nos últimos anos, observamos o emprego cada vez maior da tecnologia na saúde. Porém, em 2020, a pandemia do novo coronavírus forçou a adoção imediata de alternativas para enfrentar a doença e manter o atendimento dos demais pacientes.
Desse modo, as soluções tecnológicas vêm sendo ainda mais aprimoradas e novas ferramentas são lançadas no mercado constantemente, ainda mais com a implantação do 5G no Brasil.
Em seguida, conheça 9 tendências em tecnologia na saúde para este ano.
Hoje, muitos profissionais aderiram à ferramenta. Aproximadamente 40% das consultas feitas no segundo trimestre de 2021 aconteceram on-line, segundo levantamento da CB Insights.
Dessa forma, é possível atender pacientes em locais remotos, realizar mais consultas e reduzir os custos. Entretanto, é necessário garantir a segurança dos dados do paciente em todo o processo, além de um bom atendimento. Como solução, há diversas opções de sistemas de telemedicina que oferecem desde teleconsulta à gestão integrada de todo o consultório.
2. Inteligência artificial
O uso de inteligência artificial na saúde se mantém como uma das principais tendências em tecnologia na saúde também neste ano. De fato, a solução vem apresentando resultados positivos e promissores que comprovam que o futuro é cada vez mais tecnológico e orientado por dados.
Como exemplo, há cada vez mais ferramentas que utilizam o princípio de aprendizado de máquina. Esse processo de aprendizagem profunda tem início com observações dos dados com o objetivo de encontrar padrões e, assim, fornecer os melhores resultados sozinho.
Para isso, a máquina é treinada com uma grande quantidade de dados e algoritmos para desenvolver a habilidade de aprender como executar a tarefa automaticamente, sem intervenção humana ou com poucas instruções. Em seguida, um especialista avalia os apontamentos da máquina e fecha o laudo.
De fato, essa tecnologia pode aumentar a produtividade na saúde e alcançar melhores resultados. Diversas áreas devem se beneficiar ainda mais da IA, como a genômica, medicina de precisão, imagem, descoberta de medicamentos e de novos tratamentos.
Com isso, a inteligência artificial consegue entregar mais rapidez, precisão, qualidade, acessibilidade e redução de custos para pacientes, profissionais e instituições envolvidas.
3. Telediagnóstico
Sem dúvida, uma das áreas da saúde digital que mais cresce no país é o telediagnóstico. Neste ano, a tendência é ter ainda mais adesão e aprimoramento. Isso porque a tecnologia otimiza o processo de emissão de laudos de exames ao facilitar o acesso a especialistas e garante a efetividade da análise e a segurança dos dados.
Os exames são disponibilizados nas plataformas on-line em alta resolução devido a integração de aparelhos digitais, softwares modernos e equipamentos portáteis. Dessa forma, garante laudos assertivos e seguros, assinados digitalmente pelo especialista responsável.
O compartilhamento das informações de saúde do paciente acontece exclusivamente em plataformas autorizadas, que garantem a segurança de dados. Vale ressaltar que essas ferramentas são homologadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A tecnologia gera diversas vantagens aos médicos e instituições de saúde, como procedimentos mais precisos e reprodutíveis. De fato, o conhecimento do médico aliado à robótica torna o procedimento mais seguro, rápido e com menos dor e trauma ao paciente.
A tecnologia é empregada desde robôs-cirurgiões, guiados por especialistas, até em softwares médicos. A oftalmologia é uma das áreas com mais soluções em robótica. Há sistemas que aumentam a visualização do olho por parte do cirurgião, o que auxilia na precisão de cirurgias oftalmológicas.
Outra facilidade é a utilização de filtros digitais para personalizar a visualização durante o procedimento, aumentando a imagem das estruturas oculares e camadas de tecido, e robôs voltados para cirurgia de catarata e transplante de córnea.
5. Internet das coisas (IoT)
A Internet das Coisas (IoT) ganha ainda mais espaço neste ano na área de tratamento e diagnóstico. Porém, só avançará com investimentos públicos e privado.
A tecnologia é aplicada a objetos, componentes e dispositivos médicos conectados à internet que coletam dados dos pacientes em tempo real. Também são conhecidos como aplicativos de monitoramento e wearables.
Assim, possibilita o atendimento remoto, oferece mais informações para rastreamento e prevenção de doenças crônicas, dá mais controle aos pacientes e médicos e facilitam a troca de dados, dentre outros benefícios.
Essa abordagem inclui monitores de ECG e EKG e medições médicas como temperatura da pele, frequência cardíaca, controle calórico, nível de glicose e leituras de pressão arterial.
6. Realidade aumentada
A realidade aumentada permite ver, em tempo real, elementos virtuais sobre o ambiente físico de forma extremamente aprimorada. Para isso, utiliza dispositivos eletrônicos como smartphones, tablets, óculos e até capacetes para visualizar e manipular objetos reais e virtuais sem o uso das mãos, apenas pela interface do sistema.
O NGenuity é um sistema de televisão que captura a imagem do microscópio. Apresenta duas imagens, divididas por filtros polarizados, em que é possível colocar os óculos 3D e operar olhando diretamente para a tela ao invés do microscópio.
Sem dúvida, tem grande potencial para melhorar os serviços em saúde e a qualidade de vida dos pacientes. Por isso, é uma das tendências em tecnologia na saúde em 2022.
Como exemplo, fornece imagens em 3D em tempo real para médicos, o que pode beneficiar nos procedimentos. Estudantes e especialistas também podem aprender mais sobre técnicas cirúrgicas por meio de sobreposições. Outra vertente é auxiliar médicos nos diagnósticos.
7. Realidade virtual
Realidade virtual (RV) é um ambiente simulado por computador que proporciona efeitos visuais, sonoros e até táteis ao usuário. Dessa forma, permite a imersão completa no cenário virtual, como se a pessoa realmente estivesse presente ali. Para isso, utiliza tecnologias com displays estereoscópicos, como os populares headsets (óculos especiais que transmitem a simulação).
Por suas características, tem ganhado espaço em diversas áreas. Inclusive, na saúde. Uma de suas aplicações é no tratamento de dor. Especialistas verificaram que o uso da terapia da realidade virtual enche o cérebro com tanta informação que não deixa espaço para processar as sensações de dor na mesma hora.
Muito além de distração, a técnica oferece uma experiência multissensorial que envolve o paciente em um nível muito mais profundo do que assistir TV ou ler, por exemplo. Um dos primeiros programas de RV é voltado para tratamento de queimaduras. A terapia também é estudada para o momento do parto e no tratamento de doenças cardiológicas, neurológicas, gastrointestinais e crônicas. Além de ser um instrumento altamente promissor, possui baixo custo.
Outras aplicações são no tratamento de fobias, ansiedade, depressão, Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), dor fantasma, fisioterapia, reabilitação cognitiva, qualidade de vida para idosos e pacientes e treinamentos médicos.
Foto: Freepik
8. Medicina em 5G
A chegada do 5G no Brasil pode otimizar ainda mais a gestão na área de saúde. Isso porque pode ser possível o processamento e análise de uma grande quantidade de dados médicos, ajudando na tomada de decisões.
Outra aplicação é uma possível autonomia futura de robôs-cirurgiões em procedimentos médicos.
9. Healthtechs
Sem dúvida, uma das tendências em 2022 é a consolidação das empresas e startups voltadas para tecnologia em saúde. As healthtechs cresceram absurdamente nos últimos anos e hoje somam US$ 430 milhões em investimentos desde 2014, de acordo com a pesquisa HealthTech Report Brasil 2020.
Esses negócios têm como objetivo resolver problemas do setor de saúde. Para isso, oferecem soluções inovadoras que melhoram o acesso à saúde e a qualidade de vida dos pacientes, que vão desde sistemas de diagnóstico por Inteligência Artificial (IA) até remédio digital.
Além disso, atuam na gestão otimizada de entidades públicas da saúde, consultórios médicos inteligentes, tecnologias avançadas para exames clínicos e laboratoriais, autoatendimentos e autocuidados.
Sem dúvida, a saúde digital deve facilitar os serviços de medicina, favorecendo o atendimento, tratamento e diagnóstico. Em todas as áreas desse setor, o uso avançado das soluções tecnológicas será vital para que os serviços médicos aconteçam da melhor maneira.
Revisado por Paulo Schor, médico oftalmologista, professor livre docente e diretor de inovação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e colaborador da Faculdade de Medicina do Hospital Albert Einstein.
Acompanhe as principais tendências em tecnologia na saúde no blog da Phelcom.
Em parceria com a ONG Retina Global, médicos planejam realizar exames de retinografia digital e mapeamento da retina em mais de 15 mil pacientes diabéticos no interior de Sergipe.
No ano passado, a ONG Retina Global interessou-se pelo desenvolvimento de um projeto social para o diagnóstico e tratamento de retinopatia diabética no Brasil. A instituição norte-americana atua na criação de soluções sustentáveis para o controle de doenças da retina em áreas carentes do mundo todo.
Assim, em parceria com os oftalmologistas Fernando Malerbi e Gustavo Melo, surgiu o projeto Iluminar para rastreamento e tratamento de retinopatia diabética em 13 munícipios do sertão de Sergipe. A região foi escolhida pelo grupo pelo histórico de pobreza relacionada à seca e pela falta de assistência oftalmológica na saúde pública.
Até o momento, mais de 700 pessoas passaram por exames de retina nas cidades de Itabi, Graccho Cardoso e Canindé de São Francisco. “Aproximadamente 150 pacientes foram submetidos a um novo exame de mapeamento da retina com a equipe de retinólogos no local. Desses, 50 foram encaminhados para tratamento com fotocoagulação a laser”, ressalta um dos líderes do projeto, o oftalmologista Gustavo Melo.
Os mutirões contam com dois técnicos de saúde, cerca de dez funcionários das Unidades Básicas de Saúde (UBS) de cada município e quatro oftalmologistas voluntários, sendo que parte emite os laudos de forma remota.
As imagens da retina são feitas com o smartdevice Phelcom Eyer. Acoplado a um smartphone, o aparelho realiza exames com alta qualidade, em poucos minutos e sem a necessidade de dilatação da pupila. Por ser integrado à nuvem, disponibiliza automaticamente os dados na plataforma on-line EyerCloud. Dessa forma, o laudo pode ser emitido por um médico localizado em qualquer lugar do mundo.
“O Eyer permite otimizar o tempo e os custos ao rastrear a população diabética do interior sem que os pacientes precisem se deslocar às cidades que possuem equipamentos e especialistas. Outra vantagem é a não midríase, já que 90% dos casos não precisam de dilatação da pupila”, explica Melo.
Para os mutirões do projeto Iluminar, o smartdevice também oferece uma inteligência artificial que identifica retinopatia diabética e outras doenças oculares com mais de 95% de sensibilidade em apenas três segundos. Em seguida, o exame é enviado para conferência e laudo do oftalmologista. A IA está em fase final de testes.
Próxima etapa
Neste mês, o projeto estará presente em Poço Redondo. O objetivo é atender 15 mil pacientes diabéticos, em 13 cidades sergipanas, no período de dois anos.
“O grande diferencial do Iluminar é a otimização do tempo, essencial para o diagnóstico precoce e, assim, diminuir consideravelmente as chances de cegueira por diabetes. Com a conscientização da população e dos gestores públicos da eficiência e custo mais baixo dessa forma de rastreio da retinopatia diabética, podem surgir políticas de saúde para o tratamento da doença e de outras que afetam a retina”, analisa Melo.
Os olhos são o espelho da alma, já diz a popular frase. Quando a empregamos na área da saúde, talvez possamos adaptá-la um pouco para “os olhos são o espelho do corpo”. Isso porque várias doenças que afetam o nosso organismo se manifestam também pelos olhos. E, em muitos casos, os primeiros sinais aparecem justamente nesta região.
Agora, uma pesquisa publicada na revista científica British Journal of Ophthalmology reforçou a tese de que os olhos também podem revelar risco de morte. Com a ajuda de um sistema de inteligência artificial, os pesquisadores observaram que pacientes com retinas que envelhecem mais rápido podem sofrer com diferentes doenças.
Em seguida, saiba mais sobre o estudo, quais são os resultados e como ajuda a reforçar a tese de que o envelhecimento da retina pode ser um indicador do aparecimento de doenças futuras.
Olhos e risco de morte – a pesquisa
Os pesquisadores avaliaram mais de 80 mil fotos do fundo do olho de 47 mil pacientes, com idade entre 40 e 69 anos, para identificar se a idade biológica da retina pode ser um indício de morte por qualquer tipo de doença.
Vale ressaltar que a idade da retina pode indicar a idade biológica do corpo, demonstrando o quanto as estruturas biológicas envelheceram. Desse modo, a idade biológica pode ser diferente da idade cronológica da pessoa.
Um sistema de inteligência artificial, desenvolvido pelos autores, determinou a idade das retinas de cada imagem. Parte dos voluntários foi monitorada por quase 11 anos.
Destes, 19.200 mil imagens de fundo de olho de 11.052 participantes sem histórico médico prévio no exame inicial foram usadas para treinar e validar o modelo de aprendizagem profunda para previsão de idade biológica. Um total de 35.913, dos 35.917 voluntários restantes, tinham dados de mortalidade disponíveis e foram usados para investigar a associação entre a diferença de idade da retina e a mortalidade.
Os resultados
No total, a retina envelheceu três anos a mais que a idade cronológica em 51% dos pacientes. Já em 28%, a diferença de envelhecimento foi de cinco anos e, em 4,5%, foi de 10 anos. Além disso, 5% dos participantes faleceram durante o estudo, sendo 17% por doenças cardiovasculares, 54,5% de câncer e 28,5% de outras causas, incluindo demência.
Com isso, os cientistas observaram que cada um ano de aumento na diferença de idade da retina estava associado a um crescimento de 2% no risco de morte por qualquer doença e em 3% no risco de morte por causas específicas, exceto doenças cardiovasculares e câncer.
Os resultados corroboram trabalhos anteriores que correlacionavam o envelhecimento observado da retina e ao possível surgimento de doenças. “Nossos achados indicam que a diferença de idade da retina pode ser um potencial biomarcador de envelhecimento relacionado ao risco de morte. Dessa forma, a imagem da retina pode ser uma ferramenta de triagem para estratificação de risco e entrega de intervenções personalizadas”, conclui o artigo.
Revisado por Paulo Schor, médico oftalmologista, professor livre docente e diretor de inovação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e colaborador da Faculdade de Medicina do Hospital Albert Einstein.
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O glaucoma é a principal causa de cegueira irreversível no mundo todo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a doença atinge 80 milhões de pessoas. Só no Brasil, são 1,2 milhão de casos, segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).
Conforme estimativas da OMS, o problema afetará 111,5 milhões em 2040. Especialistas atribuem esse aumento a dois fatores: o envelhecimento da população e o crescimento nos diagnósticos.
Um outro dado alarmante é que, na maioria dos casos, a disfunção é assintomática na fase inicial. Por exemplo, um levantamento do CBO apontou que 80% dos portadores não apresentam sintomas. Por isso, é tão difícil a detecção precoce.
Recentemente, uma startup israelense desenvolveu um dispositivo que faz o diagnóstico e monitoramento remoto do glaucoma por meio da medição da pressão intraocular. Em seguida, conheça mais a tecnologia e como ela deve ajudar no controle da doença.
IOPerfect™ – monitoramento remoto do glaucoma
Semelhante aos óculos de realidade virtual, a tecnologia IOPerfect™ aplica pressão controlada a base de ar nos olhos, ao mesmo tempo que câmeras registram o comportamento das veias e artérias do oculares.
Em seguida, as imagens são examinadas pela inteligência artificial (IA) e os resultados são disponibilizados para telediagnóstico do médico. Todo esse processo ocorre em 90 segundos, de acordo com informações disponibilizadas no site da empresa.
O exame pode ser feito pelo próprio paciente, já que não é necessária a dilatação da pupila e nem calibração constante do aparelho. É o primeiro dispositivo de medição de pressão intraocular sem contato baseado em IA do mundo.
Dessa forma, o monitoramento remoto do glaucoma poderá auxiliar no diagnóstico precoce e controle da doença, com a triagem e encaminhamento ao tratamento mais rapidamente. Isso também pode diminuir os altos gastos de pacientes e instituições de saúde no combate ao problema.
A empresa prevê que o equipamento seja aprovado pelo Food and Drug Administration (FDA) neste ano e entre no mercado dos Estados Unidos e Europa em 2023.
A tecnologia foi desenvolvida pela startup Ophtalmic Sciences, de Israel, que declarou que pretende usar a mesma base da IA para facilitar o diagnóstico de mais doenças oftalmológicas.
Revisado por Paulo Schor, médico oftalmologista, professor livre docente e diretor de inovação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e colaborador da Faculdade de Medicina do Hospital Albert Einstein.
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A Síndrome da Insuficiência Adquirida (Aids), causada pelo vírus HIV, pode afetar diversas regiões dos olhos, desde a pálpebra até a retina, e provocar manifestações locais.
Isso acontece porque o vírus reduz as células de defesa do organismo, desajustando a imunidade que antes regulava processos, como a divisão celular e proliferação de agentes infecciosos, principalmente em estágios mais avançados.
Dentre as manifestações, a mais frequente é a retinopatia por HIV. Sendo progressiva, é fundamental o acompanhamento do paciente por um oftalmologista para prevenção e detecção precoce de possíveis complicações nos olhos.
Em seguida, entenda mais sobre o problema, como surge, sintomas, como fazer o diagnóstico precoce e o tratamento.
Retinopatia por HIV – o que é
Também conhecida como retinopatia da Aids, a retinopatia pelo HIV causa exsudatos algodonosos (edema localizado, secundário a infarto da camada de fibras nervosas, que se apresentam como borrões brancos parecidos com flocos de algodão). Pode provocar também pequenas hemorragias na retina, microaneurismas e teleangectasias.
Isso se deve ao dano à isquemia retiniana, secundária a processos vasculares. Diversos estudos sobre os pequenos vasos da retina afetados pelo vírus demonstram edema das células endoteliais, duplicação da lâmina basal e perda de pericitos. Desse modo, aponta-se para a quebra da barreira uveovascular como mecanismo patológico da manifestação.
A exata patogenia ainda é desconhecida. A hipótese é que seja multifatorial: combinação de depósito de imunocomplexos, alteração vascular decorrente da infecção pelo vírus, lesão local por elementos citotóxicos e anormalidades reacionais.
Pesquisas recentes apontam para a maior prevalência de lesões do segmento posterior e baixa acuidade visual em pacientes com níveis menores de linfócitos T com CD4. Na verdade, a contagem de CD4 menor que 200 células mm³ e idade maior do que 35 anos foram os principais fatores de risco independentes para a retinopatia pelo HIV.
Geralmente, os exsudatos desaparecem naturalmente entre duas e seis semanas e não deixam sequelas na visão. Na maioria dos casos, não apresentam sintomas iniciais.
O grande perigo é a abertura para o surgimento de infecções oportunistas, como a retinite por citomegalovírus (CMV). Estima-se que 45% dos pacientes com retinopatia pelo HIV desenvolvam o quadro. A complicação ocorre geralmente quando a contagem de CD4 está abaixo de 100/mm³.
Retinopatia pelo HIV – diagnóstico
Como é assintomático na maioria dos casos, o paciente com HIV precisa ser acompanhado por um oftalmologista. O diagnóstico de retinopatia pelo HIV é realizado por exame de fundo de olho. Neste caso, os achados da doença são parecidos com os de outras retinopatias, como as derivadas do diabetes e de hipertensão arterial, e necessita de um olhar mais atento do especialista.
O exame pode ser feito pelo smartdevice Phelcom Eyer. Acoplado a um smartphone, realiza exames de retina de alta qualidade, em poucos minutos e sem a necessidade de dilatação da pupila.
Exame de retina feito com o Phelcom Eyer.
Por ser integrado à nuvem, disponibiliza automaticamente os dados na plataforma on-line EyerCloud. Dessa forma, possibilita o armazenamento e gerenciamento dos exames dos pacientes. Além disso, o diagnóstico pode ser feito por um médico localizado em qualquer lugar do mundo.
Mais de 40 mil exames já foram realizados com o Eyer em todo o Brasil. Ao todo, há 43 mil pacientes cadastrados do SUS, ações sociais e mutirões, como o Mutirão de Diabetes de Itabuna (BA), consultórios e instituições como USP, Unifesp, Hospital Albert Einstein, Santa Casa de São Paulo e Bayer, dentre outros.
Mesmo com tecnologias de ponta aplicadas na produção do aparelho, a portabilidade e o tamanho reduzido permitem que o Eyer apresente um custo até dez vezes mais baixo em relação aos retinógrafos tradicionais.
Tratamento
O tratamento da doença não é específico, sendo que a introdução da terapia anti-retroviral (TARV) tem minimizado muito o problema. Pesquisas demonstram diminuição de até 95% na incidência de algumas complicações oculares relacionadas ao HIV com o uso da TARV.
Apesar desta redução, a averiguação de lesões oculares em pacientes com HIV permanece muito importante. Isso porque pode trazer prejuízos à função visual, como a cegueira, quando surgem infecções oportunistas, como a retinite por CMV.
Revisado por Paulo Schor, médico oftalmologista, professor livre docente e diretor de inovação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e colaborador da Faculdade de Medicina do Hospital Albert Einstein.
Acompanhe o blog da Phelcom e conheça mais detalhes sobre doenças raras que afetam os olhos.
No mundo todo, tem aumentado o diagnóstico de alergia ocular em crianças e adolescentes. Instituições e especialistas oftalmológicos atribuem esse cenário à predisposição genética combinada com fatores ambientais, como alimentação, alérgenos e poluição.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP), a conjuntivite (com ou sem rinite) afeta entre 15% a 28% dos jovens. Já 44% dos portadores de asma menores de 14 anos apresenta, ao menos, um sintoma ocular. Por outro lado, apenas um terço é diagnosticado com conjuntivite alérgica. Dessa forma, esse subdiagnóstico prejudica diretamente a qualidade de vida.
Para ajudar no diagnóstico precoce, a SBOP publicou um guideline para orientar o monitoramento e tratamento da alergia ocular em crianças e adolescentes. O documento foi desenvolvido a partir da revisão de 56 estudos. Em seguida, confira as novas diretrizes.
Alergia ocular em crianças e adolescentes: diagnóstico
O diagnóstico da alergia ocular em crianças e adolescentes ocorrerá a partir da análise do histórico pessoal e familiar de atopia, sintomas, sinais e testes adicionais. O problema está relacionado à rinite alérgica em 97% das crianças, à asma em 56% e à dermatite atópica em 33%.
Dentre os sintomas, geralmente é bilateral necessariamente com pruído, lacrimejento e queimação. O exame ocular poderá mostrar secreção mucoaquosa, edema palpebral, quemose, hipertrofia papilar na conjuntiva palpebral, hiperemia conjuntival, nódulos límbicos, ceratite e até eventual envolvimento corneano.
Alergia ocular em crianças e adolescentes: tratamento
O tratamento inicial acontece com protocolos não farmacológicos que diminuem o contato entre o alérgeno e a conjuntiva, como a eliminação da poeira, fungo e pólen. Também são indicadas compressas frias e lubrificantes artificiais sem conservantes.
Caso a alergia ocular em crianças e adolescentes ainda permaneça, deve-se começar o tratamento tópico com anti-histamínicos, estabilizadores de mastócitos, drogas de ação múltipla, anti-inflamatórios não esteroidais e, em casos extremos, corticoides.
A combinação com vasoconstrictores aumenta o efeito terapêutico, mas pode levar a hiperemia rebote e taquifilaxia. A utilização por muito tempo não é recomendada e essas medicações devem ser usadas com cautela em pacientes com glaucoma, hipertireoidismo e doença cardiovascular (grau de recomendação D).
Estabilizadores de membrana de mastócitos agem inibindo a degranulação dos mastócitos. Esses agentes podem ser administrados a cada 6-8 horas por pelo menos duas semanas (grau de recomendação A). Agentes de ação múltipla atuam como estabilizadores de mastócitos, antagonistas dos receptores seletivos H1 (olopatadina e cetotifeno) e moduladores da atividade antiinflamatória dos eosinófilos.
A epinastina atua nos receptores H1 reduzindo o prurido e nos receptores H2 reduzindo a vasodilatação, enquanto outros como a alcaftadina também bloqueiam receptores H4. Os agentes com ação múltipla têm efeitos imediatos e de longa duração e são comprovadamente mais efetivos que a fluorometolona no tratamento da conjuntivite sazonal (grau de recomendação A).
Anti-inflamatórios não esteroidais tópicos bloqueiam a via da cicloxogenase e, portanto, a síntese de prostaglandinas e tromboxanos. Essas drogas têm eficácia contra a hiperemia e o prurido ocular (grau de recomendação A). Cetorolaco (anti-inflamatório não hormanal) é aprovado para o tratamento da conjuntivite alérgica, mas é menos efetivo que olopatadina e emedastina. O uso desse anti-inflamatório não hormonal tópico em criança também é limitado pela ardência ocular.
Corticoides interferem com a síntese de proteína intracelular e bloqueio da fosfolipase A2 (que forma ácido aracdônico). Também atuam inibindo a produção de citocinas e migração de células inflamatórias. Os corticoides tópicos não são considerados terapia de primeira linha para conjuntivite alérgica, apesar de drogas de baixa concentração (fluorometolona, loteprednol e rimexolona) poderem ser usadas para tratar a inflamação moderada.
Casos graves
Nas inflamações graves, as escolhas são a dexametasoma e a prednisolona (grau de recomendação B) em alta frequência (a cada 2-4 horas) por curtos períodos (3-4 semanas). Os efeitos adversos potenciais devem ser monitorados (aumento da pressão intraocular, catarata e ceratite).
Pacientes com ceratoconjuntivite grave, conjuntivite papilar gigante, envolvimento límbico e úlcera de córnea recorrente podem ter necessidade de injeção supratarsal de corticoide como tratamento adjuvante. Colírios de imunomoduladores (ciclosporina ou tacrolimus) têm efeitos em alguns pacientes e têm sido cada vez mais utilizados.
A ciclosporina A tem efeito anti-inflamatório e imunomodulador, inibindo a atividade do NF-kB, sendo disponível como colírio a 0,05% e usado de 2-4 vezes ao dia. O tacrolimus age inibindo a proliferação de mastócitos e degranulação e reduzindo a produção de citocinas pelo linfócito T (com maior potência que a ciclosporina A). É prescrito como pomada 0,02%- 0,03% ou colírio 0,03%-0,1% administrados 2-4x ao dia.
A primeira geração de anti-histamínicos H1 não é recomendado por causa do efeito sedativo e atividade anticolinérgica. Drogas de segunda geração (desloratadina, ebastina, loratadina e rupatadina) têm eficácia similar, porém com menos efeitos adversos e sedação (grau de recomendação B). Geralmente são administradas para controle dos sintomas nasais e oculares da rinoconjuntivite.
Imunoterapia
A imunoterapia sistêmica contra o alérgeno pode suprimir ou regular a resposta imune. A primeira geração de antihistamínicos tópicos bloqueia o receptor H1, porém são pouco tolerados e têm efeito e potência restritos (grau de recomendação D).
O critério primário para o diagnóstico clínico da ceratoconjuntivite atópica é uma forma específica de conjuntivite crônica com ceratite em associação com dermatite atópica e eczema. Dessa forma, a ceratoconjuntivite é uma doença sistêmica com manifestação ocular e essa é a razão do uso da imunossupressão sistêmica com ciclosporina A.
Altas doses de alérgenos induzem um desvio da resposta imune em favor de linfócitos Th1, com a formação de interferon gama e produção de células T regulatórias. A OMS recomenda imunoterapia específica para alérgenos como uma abordagem efetiva em pacientes com doenças alérgicas como a rinoconjuntivite e a asma.
Pode ser administrada por via sublingual ou subcutânea, induzindo tolerância ao alérgeno em curto e longo prazo. Além disso, melhora sintomas oculares em alguns pacientes com rinoconjuntivite alérgica, mesmo após a parada do tratamento. Produz uma redução de 63% da necessidade de medicação em pacientes com rinoconjuntivite ou conjuntivite sazonal, mas não em pacientes com conjuntivite perene (grau de evidência A).
A imunossupressão com imunomoduladores pode ser uma opção para casos graves refratários ao tratamento tópico para evitar o uso de corticoides sistêmicos e seus efeitos adversos. Tanto o tacrolimus quanto a ciclosporina agem inibindo a calcineurina, que geralmente ativa o fator nuclear e causa proliferação e ativação de células T.
A inibição da calcineurina inibe a produção e ativação de citocinas pelas células T e o processo inflamatório crônico. Um mínimo de 12 semanas de terapia com ciclosporina sistêmica na dose diária de 3 a 5 mg/kg pode ser benéfica no tratamento da dermatite atópica.
Os anticorpos monoclonais podem ser usados no controle de doenças alérgicas e também como alternativa nas alergias oculares. O anticorpo monoclonal anti IgE amalizumab, que é indicado para o tratamento da asma e urticária crônicas, também demonstrou ter efeito apesar de incompleto, no controle da ceratoconjuntivite vernal grave. O anti Il4 dupilumab, indicado para dermatite atópica, asma grave e rinosinusite crônica, também poderá ser benéfico no tratamento da conjuntivite alérgica.
O tratamento cirúrgico na conjuntivite alérgica inclui a ceratectomia superficial para úlceras/placas em escudo; a excisão de papilas gigantes associada com recobrimento conjuntival, de mucosa oral ou transplante de membrana amniótica; a cirurgia reconstrutora com transplante de células tronco límbicas.
A intervenção cirúrgica é reservada para pacientes com doença ameaçadora à visão, caracterizada pela presença de grandes papilas, úlceras em escudo ativas/extensas e deficiência de células tronco limbares com extensa conjuntivalização. Geralmente são refratários à terapia farmacológica e precisam ser monitorados para complicações como infecção, opacidade de córnea permanente, catarata e glaucoma.
Monitorização indicado pelo guindeline
Casos leves: rever a cada quatro semanas e manter tratamento até melhora dos sintomas;
Casos moderados intermitentes ou perene: rever a cada quatro semanas (se controlados, tratar quatro semanas e considerar suspender colírios. Se não controlados, tratar como casos graves). Considerar corticoide leve se houver envolvimento corneano leve e imunoterapia específica em situações persistentes ou com outras manifestações;
Casos graves: rever a cada duas semanas. Se controlados, diminuir corticoide a cada três dias. Se não controlados, rever o diagnóstico. Considerar terapia com biológicos e imunoterapia específica.
Fonte: PedMed – Juliana Rosa
Ronconni CS, et al. Brazilian guidelines for the monitoring and treatment of pediatric allergic conjunctivitis. Diretrizes brasileiras sobre o monitoramento e tratamento da conjuntivite alérgica pediátrica. Arq. Bras. Oftalmol. 2021 Nov. doi: 10.5935/0004-2749.20220053
Revisado por Paulo Schor, médico oftalmologista, professor livre docente e diretor de inovação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e colaborador da Faculdade de Medicina do Hospital Albert Einstein.
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