Sem dúvida, um dos obstáculos da oftalmopediatria é conseguir realizar exames nos pequenos. Afinal, manter uma criança quieta por alguns minutos é um verdadeiro milagre.
Essa dificuldade faz parte da rotina da oftalmologista, professora e doutora Patrícia Dotto no Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante Faria, no Hospital Municipal São José (HMSJ) e em seu consultório, todos em Joinville (SC), e na clínica Lavinsky, em Porto Alegre (RS).
“O principal desafio é a avaliação fundoscópica não midriática de crianças entre dez meses e três anos sem sedação ou contenção. Por isso, é fundamental criar um ambiente lúdico e calmo que traga tranquilidade para toda a família. Nesse contexto, a documentação fotográfica, ou ainda, a imagenologia fundoscópica, em tempo real permite envolver os pais no atendimento, o que melhora a relação médico-paciente e, consequentemente, impacta positivamente no seguimento e/ou tratamento da criança”.
Dotto conta que utiliza o retinógrafo portátil Eyer para agilizar os exames nos pequenos. O equipamento, bastante indicado para investigação em bebês e crianças pela portabilidade e alta qualidade de imagem, funciona acoplado a um smartphone e realiza exames de retina em poucos minutos, além de disponibilizar as fotografias na plataforma online EyerCloud, facilitando o estudo e acompanhamento da progressão dos casos.
“O campo de visão é excelente. Sob midríase medicamentosa, também é um excelente instrumento propedêutico complementar à avaliação da média periferia da retina, particularmente de lesões hiperpigmentadas diminutas da coroide (nevus) e da retina (melanocitomas), utilizando-o como escaneamento pelo infravermelho”, explica.
Em seu consultório, com auxílio de suporte próprio e universal adquirido com Eyer, a oftalmologista fixa o aparelho na lâmpada de fenda para facilitar a realização dos exames. “Apesar de gostar muito de utilizá-lo dessa forma, é mágico usá-lo na forma ‘móvel’ em UTIs, centro cirúrgico, home care e dentro do próprio consultório, como avaliações das crianças no colo da mãe ou na sala de espera”, ressalta.
A médica também usa o Eyer no pronto socorro, em atendimento adulto e infantil, para documentação de doenças infecciosas e de Retinopatia da Prematuridade (ROP) nas UTIs neonatais e de adultos gravemente debilitados em UCIs, UTIs e Unidades de Queimados, além de interconsultas para neurologia, neurocirurgia, nefrologia e cardiologia e na perícia médica da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC). “Carrego o Eyer, literalmente, na minha bolsa. Facilita muitíssimo o meu trabalho”, afirma.
A oftalmologista, professora e doutora Patrícia Dotto atende bebês e crianças no Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante Faria, no Hospital Municipal São José (HMSJ) e em seu consultório, todos em Joinville (SC)
Shaken Baby Syndrome
Com o uso diário do Eyer em diversos locais, Dotto já presenciou vários casos marcantes, como o atendimento de uma criança vítima de Shaken Baby Syndrome (Síndrome do Bebê Sacudido). A síndrome ocorre quando o nenêm é chacoalhado intensamente, gerando danos cerebrais permanentes ou até morte.
Segue relato da médica sobre o episódio:
“A criança estava em seguimento há alguns meses no hospital por convulsões e desnutrição grave. A suspeita diagnóstica do Shaken Baby foi aventada ao observarem alterações à neuroimagem (hematoma) durante a investigação complementar do estado de mal epiléptico.
Durante a avaliação oftalmológica, no exame da acuidade visual (de grades), identifiquei que a visão de um dos olhos estava fora do intervalo de normalidade para a idade dela, apesar de não apresentar alterações da motilidade ocular.
Ao deitá-la na maca para o mapeamento da retina, ela começou a chorar desesperadamente. Foi um exame muito difícil e chamou a minha atenção o fato de a criança eventualmente largar-se, quase que desistindo, e depois voltar a reagir, sem exibir alteração do nível de consciência.
Foi num desses momentos que consegui fotografar o fundo do olho e identificar lesões retinianas, indicando dano grave ao sistema nervoso central. Em um caso em especial, a hemorragia era muito pequena, provavelmente por estar em reabsorção, e só consegui ter certeza do diagnóstico por causa do exame. Foi um milagre para mim e para ela.
Fiquei acabada naquele dia, mas muito grata a HaShem e à Phelcom [empresa inventora do Eyer]. O caso foi realmente investigado do ponto de vista social, as agressões foram confirmadas e as medidas cabíveis foram tomadas.
Salvamos uma vida. E na minha religião, o judaísmo, salvar uma vida é salvar o mundo inteiro.”
Em seguida, veja as imagens desse caso feitas por Dotto com o Eyer:
Mais casos
Dotto faz retinografia em todos os pacientes, pois considera importante a documentação do oposto. Ou seja, do estado de normalidade da retina. “Geralmente, procuramos doenças e esquecemos da importância de deixar assegurado o registro do fundo de olho normal, pois problemas acontecem no curso da vida e é importante assegurar o momento no qual se perdeu o estado de saúde ocular”, frisa.
Ela ressalta o caso de uma jovem de 22 anos, que deu entrada no PS com visão de movimento de mãos, grave retinopatia hipertensiva e descolamento seroso da mácula. A equipe suspeitou de Nefropatia Autoimune (IgA). “Inacreditavelmente, quatro ou cinco dias após o controle pressórico (na UTI), evoluiu para acuidade visual 20/20 (VINTE/VINTE) e resolução total do descolamento seroso”.
Outra situação foi de uma paciente do PS com uveíte anterior e USG aparentemente normal. Após a remissão do quadro, ao mapear a retina, a médica observou uma lesão enegrecida periférica. “Usando o Eyer, consegui documentá-la. Refizemos o USG pensando em melanoma. E era mesmo um melanoma ao nível do corpo ciliar”, conta.
Em crianças, a oftalmologista relembra o atendimento de duas pacientes com hemorragia vítrea tênue. “Após melhora da transparência dos meios, foi possível registrar a presença de malformação vascular tênue ao nível do nervo óptico”, recorda.
Dentre as doenças mais diagnosticadas em bebês, estão a ROP, infecções congênitas, hipoplasia do nervo óptico e colobomas da retina e do nervo óptico. “Uso muito o Eyer também para quantificar o tamanho do nervo óptico e da escavação. Isso ajuda para o diagnóstico diferencial dos glaucomas suspeitos, particularmente em crianças míopes”, finaliza.
Veja abaixo algumas imagens feitas pela oftalmologista com o Eyer:
Paciente com deslocamento de retina.
Paciente com microembilizações na coroide devido ao covid.
Paciente com oclusão arterial.
Eyer
O Eyer é um retinógrafo portátil que funciona acoplado a um smartphone e realiza exames de retina de alta qualidade, em poucos minutos e sem a necessidade de dilatação da pupila.
A tecnologia apoia no diagnóstico de mais de 50 doenças, dentre elas glaucoma, catarata, retinopatia diabética, DMRI, ROP, retinoblastoma, retinopatia hipertensiva e toxoplasmose ocular. Atualmente, já foram feitos mais de 10 milhões de exames no Brasil, Estados Unidos, Chile, Colômbia e Japão.
Recentemente, foi aprovado nos Emirados Árabes e está com processos regulatórios para a comercialização no México, Egito e Arábia Saudita.
A portabilidade, conectividade e integração a funções inteligentes como o EyerMaps, juntamente com o valor mais acessível da tecnologia, contribuem para o aumento do acesso aos exames de retina.