Rastreamento de retinopatia diabética e ações de ensino e de incentivo científico no interior de Minas Gerais. Investigação da prevalência de alterações retinianas em pacientes do norte do Rio Grande do Sul. Rastreamento de retinopatia diabética no ABC paulista. Esses foram os respectivos projetos vencedores do concurso “De Olhos para o Futuro”, realizado pela Associação Brasileira de Ligas Acadêmicas de Oftalmologia (ABLAO) em parceria com a Phelcom Technologies e com apoio do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).
O concurso selecionou 10 projetos com foco na redução da cegueira por patologias do segmento posterior por meio da realização de exames de fundo de olho e uso de telemedicina e de inteligência artificial. Para apoiar os alunos, a Phelcom disponibilizou 20 unidades do seu retinógrafo portátil Eyer, com acesso ao recurso EyerMaps e ao sistema em nuvem EyerCloud.
O equipamento funciona acoplado a um smartphone e realiza exames de retina em poucos minutos, com alta qualidade, e disponibiliza as imagens na plataforma online EyerCloud, facilitando laudos remotos e o acompanhamento da progressão do paciente. Já o sistema de IA EyerMaps detecta com alta acurácia e em poucos segundos qualquer suspeita de anormalidades retinianas.
A premiação ocorreu em 01 de dezembro, durante o Congresso de Oftalmologia da Universidade de São Paulo (COUSP), em São Paulo, e reuniu o presidente da ABLAO, Luís Expedito Sabage, o diretor científico da ABLAO, Pedro Pires, o co-fundador e COO da Phelcom, Flávio Pascoal Vieira, a analista de marketing da Phelcom e líder do projeto em nome da empresa, Manoela Campos, e representantes de oito ligas participantes.
Sabage abriu o evento destacando que a participação das ligas excedeu as expectativas. Ao todo, 25 ligas de todo o Brasil enviaram seus projetos. Em seguida, Vieira destacou a importância da participação em projetos sociais na construção da vida acadêmica dos alunos e o quanto a Phelcom valoriza ações como essas, até mesmo nas contratações dos colaboradores da empresa.
Após compartilhar os feedbacks da banca avaliadora e os pontos de melhorias para a continuação dos projetos, o presidente da ABLAO entregou os certificados para os 10 grupos selecionados, destacando a relevância dos trabalhos realizados, e revelou os ganhadores do 1º De Olhos para o Futuro:
1º. “Mutirão de Olho no Diabetes em Guaraciaba-MG” – Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais – Campus Betim.
2º. “De Olhos Para o Futuro: Prevalência de Alterações de Retina em Pacientes Atendidos em Ambulatórios de Especialidades no Norte do Rio Grande Do Sul” – Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Passo Fundo.
3º. “Projeto de Implementação do Programa de Rastreio de Retinopatia Diabética na região do ABC” – Faculdade de Medicina do ABC.
Os três primeiros lugares ganharam um Eyer cada e inscrições para o Congresso Brasileiro de Oftalmologia (CBO) de 2024, além de troféus consagrando o pódio.
A estudante Júlia Pinheiro Amantéa Vilela, da liga vencedora do concurso, conta que a experiência de realizar dois mutirões de diabetes inteiramente organizados por acadêmicos foi algo de grande aprendizado, enriquecimento e crescimento. “Ver de perto a importância da oftalmologia e dos exames na prevenção e poder levar isso àqueles que não têm acesso a esse serviço há anos é gratificante. Além disso, despertou em nós um olhar mais atencioso a essas populações, tanto que desenvolvemos outras ações simultâneas e estamos pensando em novos projetos para o futuro”, conta.
Por fim, o COO da Phelcom entregou um troféu para Sabage, representando a ABLAO, como forma de agradecimento pela parceria durante os seis meses de execução do concurso.
Mutirão de Olho no Diabetes em Guaraciaba (MG)
Liga de oftalmologia da PUC Minas fez exames do fundo de olho com o Eyer em 250 pessoas durante três mutirões em Guaraciaba (MG).
A Liga Acadêmica de Oftalmologia da PUC Minas promoveu mutirões para rastreamento de retinopatia diabética em três Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Guaraciaba (MG), cidade com 11 mil habitantes.
Todos os alunos voluntários tiveram a oportunidade de atuar em diversas atividades dos mutirões, como aplicação de colírio, entrevista com o paciente, medição da acuidade visual e exame de fundo do olho.
Nos casos em que o EyerMaps apontou possíveis achados patológicos no fundo de olho, o paciente era submetido a uma fundoscopia com o oftalmoscópio binocular indireto, diagnosticado e encaminhado para tratamento.
Ao todo, 250 pessoas foram atendidas, sendo 80 diagnosticadas com alterações retinianas e conduzidas para tratamento e duas encaminhadas para tratamento de urgência. Participaram dos mutirões 29 alunos voluntários.
A ação social realizada pela liga também venceu o Festival de Vídeos 2023 do Instituto de Olhos da Ciências Médicas (IOCM), de Belo Horizonte (MG), na categoria “Quero ser um R1”, destinada a acadêmicos.
“Durante os dois meses em que ficamos com o Eyer, pensamos no que poderíamos fazer além de dois mutirões previamente planejados. Foi a partir disso que começamos a elaborar outras atividades que englobassem tudo aquilo que constitui uma liga acadêmica: o ensino, a pesquisa e a extensão”, conta Vilela.
Ações de ensino
Em complemento aos mutirões, os estudantes organizaram a aula “Alterações mais comuns identificadas na retinografia”, ministrada pelo oftalmologista, fellow do segundo ano em Retina Clínica e Cirúrgica e professor de Semiologia Oftalmológica da PUC Minas, Bernardo Carvalho.
O professor ensinou como deve ser descrita uma retinografia normal e uma com alterações mais frequentes em doenças como retinopatia diabética, retinopatia hipertensiva e Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI).
Os 47 alunos identificaram alterações em retinografias e, ao final da aula, realizaram exames do fundo de olho com o Eyer pela primeira vez nos colegas, descrevendo o que viam nas imagens.
Retinografia realizada pelos estudantes de medicina da PUC Minas com o auxílio do Eyer.
Os estudantes, em parceria com outras ligas de medicina da PUC Minas, também realizaram a ação “No Fundo do Meu Olho” com alunos do ensino fundamental e médio da Escola Estadual Gramont Alves Gontijo, em Betim (MG).
Os alunos desenharam como imaginavam o fundo do olho. Em seguida, os acadêmicos realizaram a retinografia dos alunos com o Eyer e mostraram, em tempo real, como realmente é o fundo do olho. Por último, os jovens desenharam o que viram na foto e os acadêmicos explicaram sobre as estruturas oculares.
“O nosso objetivo foi que os jovens pudessem conhecer os elementos do próprio fundo de olho, sendo assim protagonistas de seus próprios aprendizados”, ressalta Vilela.
Por fim, a liga, em parceria com a Sociedade Acadêmica de Medicina de Minas Gerais (SAMMG), promoveu o curso “Oftalmologia para a Atenção Básica”, em que diversos estudantes e médicos recém-formados de Belo Horizonte conheceram e aprenderam a realizar exames de fundo de olho com o Eyer.
“Dessa forma, buscamos preparar o médico generalista para atender às principais afecções oftalmológicas no contexto da atenção primária em saúde e no atendimento pediátrico, do idoso e de trauma neste nível de complexidade”, observa Vilela.
Ações de extensão
Os membros da liga realizaram pequenos mutirões com o auxílio do Eyer, semelhantes aos feitos em Guaraciaba, nas UBSs em que fazem estágio nos municípios mineiros de Betim, Contagem, Igarapé e Itaguara. Além de aprenderem mais sobre exames oftalmológicos, a ação buscou diminuir a fila de espera da consulta oftalmológica para os usuários. Ao todo, foram atendidas 183 pessoas.
Quando detectadas possíveis alterações provocadas por doenças oculares, o paciente era encaminhado para uma consulta oftalmológica completa. Já nos casos em que não havia indícios de problemas retinianos, os pacientes foram orientados a manterem consultas anuais preventivas com o oftalmologista.
Continuidade
A liga realizará mais uma ação de rastreamento de retinopatia diabética em Guaraciaba (MG). “Devido ao curto prazo, uma das quatro UBSs da cidade não foi contemplada com os mutirões realizados”, explica Vilela.
Liga de oftalmologia da PUC Minas com voluntários e pacientes durante mutirão de rastreamento de retinopatia diabética na UBS do Cafe, zona rural de Guaraciaba (MG).
Os estudantes também planejam ampliar o projeto para a comunidade quilombola de Contagem (MG) e para as UBS em que fazem estágio.
Em relação ao ensino e pesquisa, o Eyer será utilizado em sala de aula e os dados já coletados serão analisados em trabalhos de relevância epidemiológica e científica.