Sem dúvida, o diagnóstico precoce de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson, é um verdadeiro desafio para os especialistas. Por isso, identificar biomarcadores que levem a detecção dessas disfunções logo no início é o foco principal de pesquisas nessa área.
Recentemente, um novo estudo descobriu que o neurofilamento (NfL) de cadeia leve, um biomarcador promissor de neurodegeneração no líquido cefalorraquidiano e no sangue, também é detectável no olho. O trabalho, realizado por cientistas dos Estados Unidos, foi publicado no periódico Alzheimer’s Research & Therapy.
Em seguida, saiba como foi realizada a pesquisa, os resultados e como pode servir de base para uma investigação aprofundada de NfL como biomarcador nos olhos de doenças neurodegenerativas.
A pesquisa
O objetivo da pesquisa foi investigar a presença de neurofilamento (NfL) no humor vítreo e suas associações com beta amilóide, tau, citocinas inflamatórias e proteínas vasculares, genótipos de apolipoproteína E ( APOE ), escores de Mini-Exame do Estado Mental (MMSE), doença sistêmica e doenças oftálmicas.
Os participantes do estudo foram selecionados com base em alguns critérios como idade a partir de 18 anos e com programação para vitrectomia via pars plana em pelo menos um olho devido a uma condição clínica ocular.
Os pesquisadores retiraram amostras de fluido ocular de 77 pacientes que passaram por cirurgia nos olhos. Ao todo, 63% eram do sexo masculino e tinham 56 anos em média.
Resultados
O estudo demonstrou que o NfL está positivamente associado aos níveis de Aβ 40, Aβ 42 e t-tau e outras citocinas inflamatórias selecionadas. Além disso, identificou que os níveis de NfL não foram significativamente associados a doenças oculares. Ou seja, aparentemente não são influenciados pelas condições clínicas dos olhos dos pacientes.
Os níveis de NfL também não foram associados aos genótipos de APOE e não foram encontrados uma relação significativa com doenças sistêmicas, como diabetes.
A pesquisa é a primeira a alcançar esses resultados. Entretanto, vale ressaltar que não mostra evidências confiáveis de que os níveis de NfL vítreo definitivamente representam neurodegeneração.
Portanto, mais estudos são necessários para validar o NfL no fluido do olho para outros biomarcadores estabelecidos de neurodegeneração.
A ligação entre olhos e cérebro
De fato, o olho é uma janela para o cérebro. Doenças oculares como catarata, glaucoma, degeneração macular e retinopatia diabética foram associadas ao Alzheimer em estudos epidemiológicos, indicando que ambas possivelmente compartilham fatores de risco comuns e mecanismos patológicos em nível molecular.
Essas interconexões sugerem que a elucidação das características comuns dos processos neurodegenerativos pode levar a uma melhor compreensão das doenças neurológicas e oculares.
Além disso, exames dos olhos podem levar a descoberta de outras doenças, como câncer de pele, aneurisma cerebral e até AIDS.
Conclusão
Nas últimas décadas, houve um aumento de doenças neurodegenerativas. Das duas mais comuns, estima-se que a doença de Alzheimer afete 1,2 milhão de brasileiros e a de Parkinson, 200 mil.
Como o diagnóstico precoce ainda é um desafio, é essencial contar com biomarcadores confiáveis para a identificação da doença, avaliação prognóstica e resposta mensurável ao tratamento.
Neste cenário, os resultados dessa pesquisa servem como base para uma investigação mais aprofundada de NfL nos fluidos oculares para informar sobre a utilidade potencial de sua presença no olho.
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