Diversos estudos já demonstraram que a retina pode revelar doenças que afetam outras áreas do corpo. Por exemplo, pesquisadores dos Estados Unidos desenvolveram um programa baseado em inteligência artificial (IA) que pode detectar indícios da doença de Parkinson em exames da retina.
Recentemente, um estudo publicado na revista British Journal of Ophthalmology observou, por meio de IA, que pacientes com retinas que envelhecem mais rápido podem sofrer com diferentes problemas de saúde.
Trabalhos recentes também indicaram que biomarcadores em imagens da retina, como densidade ou tortuosidade dos vasos sanguíneos, podem identificar pacientes com risco de doença arterial coronariana. Desse modo, cientistas do Reino Unido criaram uma rede digital baseada em IA para prever o risco de infarto através de exames de retina e dados demográficos dos pacientes.
Em seguida, entenda como foi feito o estudo publicado recentemente na revista Nature, os resultados e como olhos e infarto podem estar ligados.
Olhos e infarto: pesquisa e resultados
Pesquisadores da Universidade de Leeds, no Reino Unido, treinaram um sistema de IA para estimar a massa e o volume diastólico final do ventrículo esquerdo da retina com o objetivo de encontrar biomarcadores de doença cardíaca.
Usando apenas imagens da retina e dados demográficos dos pacientes, foi possível antecipar em um ano o diagnóstico de infarto do miocárdio. A IA alcançou precisão entre 70% e 80%. Desse modo, o exame de retina pode ser uma segunda opção para detecção de problemas cardíacos cardiovasculares.
Atualmente, as doenças do coração são diagnosticadas por ecocardiograma ou ressonância magnética, exames com custos muito mais altos em comparação à fundoscopia. Além disso, a doença foi responsável por 30% dos óbitos no Brasil no último ano, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
“As varreduras de retina são baratas e rotineiramente usadas em muitas clínicas de oftalmologia. Como resultado da triagem automatizada, os pacientes com alto risco de adoecer podem ser encaminhados para serviços cardíacos especializados. Assim, essa técnica pode revolucionar o rastreamento de doenças cardíacas, que são a principal causa de morte precoce em todo o mundo”, ressalta o supervisor da pesquisa e professor da Universidade de Leeds, Alex Frangi.
Revisado por Paulo Schor, médico oftalmologista, professor livre docente e diretor de inovação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e colaborador da Faculdade de Medicina do Hospital Albert Einstein.
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