A terceira colocação na segunda edição do concurso “De Olhos para o Futuro” foi conquistada pela Liga Acadêmica de Oftalmologia da PUC Goiás, campus Goiânia. A premiação da iniciativa, promovida pela Associação Brasileira de Ligas Acadêmicas de Oftalmologia (ABLAO) em parceria com a Phelcom Technologies e com o apoio do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), ocorreu em 20 de fevereiro, durante o Simpósio Internacional Moacyr Álvaro (Simasp), em São Paulo.
Parte da equipe da Liga Acadêmica de Oftalmologia da PUC Goiás durante premiação da segunda edição do concurso “De Olhos para o Futuro”.
Assim como as dez ligas finalistas, os estudantes tiveram acesso aos retinógrafos portáteis Eyer, à inteligência artificial EyerMaps e ao sistema em nuvem EyerCloud para realizar triagens oftalmológicas e auxiliar no diagnóstico de doenças oculares que podem levar à cegueira.
Com o principal objetivo de reduzir a incidência de cegueira causada por retinopatia diabética em comunidades carentes de Goiás, a liga estabeleceu parcerias estratégicas com as secretarias municipais de saúde de Goiânia, Anicuns, Adelândia, Americano do Brasil e Avelinópolis, além da Fundação Banco de Olhos de Goiás.
“Conseguimos acessar a lista de pacientes que estavam há muito tempo sem conseguir uma consulta, especialmente aqueles com histórico de diabetes, para realizar a triagem com o Eyer. Viajamos até essas cidades para examiná-los e identificar casos que necessitavam de acompanhamento urgente”, conta a presidente da liga, Isadora Moulin Lima Rezende de Castro.
Além disso, os estudantes participaram do mutirão “Goiás Unido Contra o Diabetes”, em 23 de novembro, em Goiânia (GO), e fizeram campanhas de conscientização nas rádios e jornais locais, redes sociais, palestras em centros comunitários e distribuição de panfletos.
Resultados
Ao todo, 401 pacientes foram avaliados, dos quais 62,09% tinham diagnóstico prévio de diabetes e 53,37% relataram hipertensão arterial sistêmica. O exame de fundo de olho foi realizado em 94,27% dos participantes.
Entre os pacientes diabéticos, 32,93% apresentaram sinais de retinopatia diabética (RD), distribuídos da seguinte forma:
- 2,8% com RD leve;
- 4,8% com RD moderada;
- 19,8% com RD grave;
- 5,6% com edema macular diabético.
A triagem oftalmológica identificou 24,6% dos pacientes diabéticos com risco de cegueira evitável. Em menos de uma semana, os casos com alterações significativas foram encaminhados para a Fundação Banco de Olhos de Goiás, onde passaram por exames complementares, como retinografia colorida e angiografia fluorescente, e o tratamento com a panfotocoagulação a laser para retinopatia moderada a grave. “Hoje, a espera na fila do SUS pode ultrapassar um ano. Esse foi o grande diferencial do nosso projeto: além de proporcionar o diagnóstico, conseguimos garantir um tratamento rápido e eficaz”, ressalta Castro.
Exame de fundo de olho feito com o Eyer pela Liga Acadêmica de Oftalmologia da PUC Goiás durante projeto “De Olhos para o Futuro”.
Um dos momentos mais marcantes para a equipe foi o atendimento a um paciente com retinopatia diabética avançada, que desconhecia a gravidade de seu quadro. “Graças à triagem, conseguimos orientá-lo e encaminhá-lo rapidamente para tratamento, o que pode ter evitado a perda total da visão. Com palavras de gratidão, ele nos disse que nunca havia feito um exame tão detalhado e que, pela primeira vez, sentia que sua saúde ocular estava sendo levada a sério. Esse momento nos tocou profundamente, pois mostrou que não estávamos apenas realizando triagens, mas também oferecendo acolhimento, esperança e a chance de um futuro com visão. Foi um lembrete poderoso do porquê escolhemos a medicina e do impacto real que podemos causar na vida das pessoas”, relata.
A estudante destaca que a utilização do Eyer foi uma estratégia eficaz para ampliar o acesso ao diagnóstico oftalmológico. “O Eyer foi um divisor de águas na nossa triagem, permitindo exames detalhados mesmo em locais com pouca infraestrutura. A inteligência artificial EyerMaps nos ajudou a visualizar e identificar possíveis alterações retinianas, enquanto o EyerCloud possibilitou o armazenamento seguro das imagens e a análise remota por especialistas, garantindo diagnósticos mais precisos e facilitando o encaminhamento dos pacientes que necessitavam de acompanhamento”, explica.
Continuidade
O sucesso do projeto motivou a equipe a expandir sua atuação. Agora que a liga possui um Eyer, o objetivo é levar as triagens a um número ainda maior de comunidades, transformando a iniciativa em um programa contínuo de rastreamento oftalmológico.
Além disso, a equipe consolidou a parceria com a Fundação Banco de Olhos de Goiás e as secretarias municipais de saúde atendidas. Atualmente, os acadêmicos atendem 60 pacientes em Anicuns (GO) todos os sábados.
“Aprendemos que um simples exame pode mudar a história de alguém. Vimos na prática como a tecnologia pode ser uma aliada poderosa na prevenção da cegueira. Mais do que isso, entendemos a importância do trabalho em equipe, da empatia e do compromisso com a saúde ocular daqueles que, muitas vezes, não teriam acesso a um atendimento especializado. Nosso compromisso é continuar levando cuidado ocular a um número cada vez maior de pessoas”, conclui Castro.
Liga Acadêmica de Oftalmologia da PUC Goiás durante ação do projeto “De Olhos para o Futuro”.
Eyer
O Eyer é um retinógrafo portátil que funciona acoplado a um smartphone e realiza exames de retina de alta qualidade, em poucos minutos e sem a necessidade de dilatação da pupila.
A tecnologia apoia no diagnóstico de mais de 50 doenças, dentre elas glaucoma, catarata, retinopatia diabética, DMRI, retinoblastoma, retinopatia hipertensiva, retinopatia da prematuridade e toxoplasmose ocular.
Recentemente, chegou ao mercado o Eyer2 com novas ferramentas embarcadas e funcionalidades aprimoradas. O equipamento possibilita a detecção de diversas doenças e condições do segmento anterior do olho, como blefarite e demais alterações de cílios, disfunção das glândulas meibomianas, hordéolos, tumores conjuntivais, tumores palpebrais, catarata avançada, corpo estranho, queimaduras, lesões na córnea e ceratites em geral causadas por olho seco, lente de contato, infecções e úlceras, dentre outros.
Sobre a Phelcom
A Phelcom Technologies é uma medtech brasileira sediada em São Carlos, interior de São Paulo. A história da empresa começou em 2016, quando três jovens pesquisadores – um físico, um engenheiro eletrônico e um engenheiro de computação (PHysics, ELetronics, COMputing) – criaram um retinógrafo portátil integrado a um smartphone.
O primeiro protótipo da Phelcom foi inspirado pela experiência pessoal de um dos sócios, Diego Lencione, cujo irmão enfrentou uma grave condição que comprometeu severamente sua visão desde a infância.
Em 2019, a Phelcom lançou no mercado brasileiro o seu primeiro produto: o retinógrafo portátil Eyer. Cinco anos depois, lançou o Eyer2, uma plataforma de exames visuais que permite realizar registros dos segmentos posterior e anterior com alta qualidade de imagem.
Atualmente, a tecnologia da Phelcom já beneficiou mais de duas milhões de pessoas no Brasil e em diversos países, como Estados Unidos, Japão, Chile, Colômbia e Emirados Árabes, sendo utilizada também em mais de 100 ações sociais.