A Liga Acadêmica de Oftalmologia da Faculdade ZARNS (LAOZ), de Itumbiara (GO), conquistou o primeiro lugar na segunda edição do concurso “De olhos para o futuro”, iniciativa da Associação Brasileira de Ligas Acadêmicas de Oftalmologia (ABLAO) em parceria com a Phelcom Technologies e com o apoio do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). A premiação foi realizada em 20 de fevereiro, durante o Simpósio Internacional Moacyr Álvaro (Simasp), em São Paulo.
Parte da equipe da LAOZ durante premiação da segunda edição do concurso “De Olhos para o Futuro”.
Como todas as 10 ligas selecionadas pelo concurso, a LAOZ contou com dois retinógrafos portáteis Eyer, a IA EyerMaps e o sistema em nuvem EyerCloud para triagem e diagnóstico de doenças do segmento posterior que podem levar à cegueira.
O projeto investigou a prevalência de Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) e hipertensão arterial sistêmica (HAS) e suas implicações na saúde ocular, como retinopatia diabética (RD), catarata e glaucoma. Além disso, avaliou a influência da atividade física na qualidade de vida e na prevenção da cegueira por RD em pessoas a partir de 45 anos da comunidade quilombola Córrego do Inhambú, abrangendo os municípios de Itumbiara e Cachoeira Dourada, em Goiás.
No total, 408 pacientes foram avaliados por meio de questionários e exames oftalmológicos, incluindo retinografia, escala de Snellen, teste de monofilamento e Teste de Sensibilidade Tátil.
Os resultados revelaram que 54% dos participantes foram diagnosticados com DM2 e, dentre esses, 41% apresentavam HAS associada, condição que aumenta significativamente o risco de complicações oftalmológicas. A catarata foi a doença mais comum, afetando 16%, seguida pelo glaucoma, presente em 4% dos casos.
A associação entre DM2 e HAS também se mostrou um fator de risco para a progressão da retinopatia diabética, detectada em 22 quilombolas. Destes, 55% apresentavam a forma grave da doença, caracterizada por microaneurismas, hemorragias e exsudatos maculares e periféricos. Todos os casos graves foram encaminhados para mapeamento de retina e acompanhamento especializado.
A presidente da LAOZ, Carolina Oliveira de Ávila, conta que um dos momentos mais marcantes do projeto envolveu uma paciente com risco iminente de perder completamente a visão devido à RD. “Graças ao diagnóstico precoce realizado pela liga, conseguimos encaminhá-la rapidamente para tratamento. Esse episódio reforçou o quanto a detecção precoce e o acesso ao tratamento certo podem transformar vidas. Com atenção, cuidado e informação, conseguimos proteger algo tão essencial quanto o olhar”, afirma.
Além dessas condições, outras patologias retinianas, como suspeita de degeneração macular relacionada à idade (DMRI) e degenerações periféricas da retina, também foram observadas, embora com menor frequência.
Outro aspecto relevante do estudo foi a prática regular de atividade física entre os participantes, com a maioria relatando a realização de caminhadas diárias.
Para viabilizar a triagem e garantir um atendimento eficiente, o projeto contou com a tecnologia da Phelcom, utilizando o Eyer, EyerCloud e EyerMaps. “Essas ferramentas foram verdadeiros ‘superpoderes’ para o projeto! O Eyer ajudou a levar exames de vista diretamente para a comunidade, o EyerCloud organizou todas as informações e o EyerMaps mostrou exatamente onde essas pessoas precisavam de cuidado. Juntos, eles garantiram que cada paciente fosse visto e cuidado de forma rápida e eficiente”, destaca Ávila.
Por meio da plataforma EyerCloud, todas as informações dos pacientes foram cadastradas em tempo real, possibilitando o monitoramento contínuo e facilitando o encaminhamento dos casos mais graves para atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Além do suporte tecnológico, o projeto ‘Olhos de Luz’ também teve o apoio significativo das empresas Genom, Ofta, Latinofarma e Cristália, que contribuíram com mais de 1 mil amostras de lágrimas artificiais. Essas amostras foram fundamentais para proporcionar conforto aos participantes durante os exames oftalmológicos, minimizando o desconforto ocular e melhorando a experiência durante os procedimentos.
“Aprendemos que, além da tecnologia e dos exames, é o carinho e o acolhimento que fazem toda a diferença. Saber ouvir, entender e cuidar das pessoas com amor foi o que fez esse projeto brilhar ainda mais”, afirma.
LAOZ avaliou a influência da atividade física na qualidade de vida e na prevenção da cegueira por retinopatia diabética em pessoas a partir de 45 anos da comunidade quilombola Córrego do Inhambú, abrangendo os municípios de Itumbiara e Cachoeira Dourada, em Goiás.
Ações para ampliar o impacto do projeto
Para garantir a participação ativa da comunidade quilombola no projeto “Olhos de Luz”, a LAOZ adotou estratégias de divulgação acessíveis e eficazes. Dentre elas, a reunião com os líderes comunitários e o presidente quilombola; a distribuição de materiais informativos, como cartazes e panfletos em linguagem simples; e o envio de convites digitais por grupos de WhatsApp.
A equipe também organizou uma campanha educativa nas rádios locais, ampliando o alcance das informações e conscientizando a comunidade sobre os riscos das doenças oftalmológicas e a importância da prevenção.
Durante todo o processo, os alunos orientaram os participantes sobre práticas de autocuidado e saúde ocular, enfatizando os benefícios da atividade física na prevenção de doenças como a retinopatia diabética. Além disso, foram distribuídas amostras de colírios lubrificantes para auxiliar os participantes no alívio do desconforto ocular.
“A integração entre pesquisa científica, ações comunitárias e parcerias institucionais foi um dos pilares do sucesso do projeto. Essa abordagem fortaleceu o vínculo com a comunidade, aumentou a adesão dos participantes e ampliou o impacto das intervenções realizadas”, ressalta.
Continuidade
Diante dos desafios identificados, a equipe do projeto Olhos de Luz pretende dar sequência às ações desenvolvidas. O plano de continuidade inclui:
- Monitoramento contínuo dos participantes;
- Capacitação de líderes comunitários e agentes de saúde em práticas preventivas contra a cegueira e manejo do diabetes;
- Fortalecimento institucional e ampliação de parcerias;
- Avaliações oftalmológicas semestrais com o Eyer para a detecção precoce da retinopatia diabética, mesmo em áreas remotas.
“Com essas ações, pretendemos consolidar esse impacto e promover autonomia na gestão da saúde ocular da comunidade, reduzindo a dependência de recursos externos e fortalecendo a prevenção da cegueira entre os quilombolas”, afirma a presidente.
A LAOZ também está desenvolvendo o projeto “De Olho no DEX”, um estudo quase experimental que realizará exames do segmento anterior nas escolas de Itumbiara (GO) para identificar casos de blefarite, especialmente associada ao ácaro Demodex. As crianças diagnosticadas receberão orientações sobre higiene palpebral e, se necessário, serão encaminhadas para acompanhamento especializado.
LAOZ durante ação do projeto “Olhos de Luz”.
Eyer
O Eyer é um retinógrafo portátil que funciona acoplado a um smartphone e realiza exames de retina de alta qualidade, em poucos minutos e sem a necessidade de dilatação da pupila.
A tecnologia apoia no diagnóstico de mais de 50 doenças, dentre elas glaucoma, catarata, retinopatia diabética, DMRI, retinoblastoma, retinopatia hipertensiva, retinopatia da prematuridade e toxoplasmose ocular.
Recentemente, chegou ao mercado o Eyer2 com novas ferramentas embarcadas e funcionalidades aprimoradas. O equipamento possibilita a detecção de diversas doenças e condições do segmento anterior do olho, como blefarite e demais alterações de cílios, disfunção das glândulas meibomianas, hordéolos, tumores conjuntivais, tumores palpebrais, catarata avançada, corpo estranho, queimaduras, lesões na córnea e ceratites em geral causadas por olho seco, lente de contato, infecções e úlceras, dentre outros.
Sobre a Phelcom
A Phelcom Technologies é uma medtech brasileira sediada em São Carlos, interior de São Paulo. A história da empresa começou em 2016, quando três jovens pesquisadores – um físico, um engenheiro eletrônico e um engenheiro de computação (PHysics, ELetronics, COMputing) – criaram um retinógrafo portátil integrado a um smartphone.
O primeiro protótipo da Phelcom foi inspirado pela experiência pessoal de um dos sócios, Diego Lencione, cujo irmão enfrentou uma grave condição que comprometeu severamente sua visão desde a infância.
Em 2019, a Phelcom lançou no mercado brasileiro o seu primeiro produto: o retinógrafo portátil Eyer. Cinco anos depois, lançou o Eyer2, uma plataforma de exames visuais que permite realizar registros dos segmentos posterior e anterior com alta qualidade de imagem.
Atualmente, a tecnologia da Phelcom já beneficiou mais de duas milhões de pessoas no Brasil e em diversos países, como Estados Unidos, Japão, Chile, Colômbia e Emirados Árabes, sendo utilizada também em mais de 100 ações sociais.