O Brasil tem mais de 8,5 mil casos confirmados de varíola dos macacos, de acordo com o Ministério da Saúde. Até o momento, seis pacientes morreram em decorrência da doença no país.
Dentre os principais sintomas, estão febre, fadiga, dor de cabeça, dores musculares, aparecimento de lesões na pele e manifestações oftalmológicas. Segundo estimativas, 20% a 25% dos pacientes apresentam conjuntivite.
Por isso, a recomendação é que os oftalmologistas fiquem atentos aos sinais oculares da doença. Em seguida, entenda melhor a relação entre varíola dos macacos e olhos e como identificar a doença.
Primeiro caso confirmado a partir de conjuntivite
O primeiro caso de varíola dos macacos no Brasil foi registrado em 9 de junho deste ano. No final de agosto, o Hospital dos Olhos, em São Paulo, confirmou o primeiro paciente positivo por meio de exame de coleta de secreção ocular.
Trata-se de um profissional da saúde que, quatro dias depois de apresentar lesões cutâneas, cefaleia e mialgia, teve lacrimejamento e irritação ocular. O oftalmologista colheu material dos olhos para exame microbiológico e, após alguns dias, o resultado do teste RT-PCR deu positivo para varíola dos macacos.
Além do tratamento convencional para a doença, o paciente cuidou dos olhos com compressa local, lubrificante ocular e colírio antibiótico para evitar infecção secundária.
As amostras coletadas em laboratórios diferentes foram comparadas e identificou-se uma concentração de carga viral elevada para a monkeypox. Ou seja, correlacionaram que nesse paciente, que têm lesões com positividade para exames cutâneos, ocorreu positividade para exames oftalmológicos.
A partir disso, o exame do olho pode eventualmente auxiliar no diagnóstico para a doença.
Varíola e olhos: sintomas nos olhos
Além de conjuntivite, o paciente pode apresentar outras manifestações oculares. Dessa forma, começam a ser veiculadas informações úteis em sites como o Metrópoles, que estressam os seguintes sinais e sintomas de atenção:
- Aumento dos gânglios linfáticos perioculares;
- Formação de vesículas na órbita e ao redor dos olhos;
- Blefarite;
- Lesão foco conjuntival;
- Úlcera na córnea;
- Fotofobia ou aversão à luz;
- Ceratite;
- Perda da visão.
Assim, a orientação atual é que os oftalmologistas considerem a varíola dos macacos como diagnóstico diferencial em casos com esses tipos de manifestações oftalmológicas. Em alguns quadros, os sintomas nos olhos podem até ser mais frequentes em relação aos outros órgãos.
Em entrevista ao Viva Bem, o oftalmologista Pedro Antônio Nogueira Filho reitera que o período de incubação pode ser de até duas semanas e de transmissão, três. “Se o paciente está lacrimejando, a partir do momento em que há contato com outra pessoa, esse vírus pode se manifestar a partir dessa contaminação inicial”, explica.
Varíola dos macacos e olhos: como evitar
Até o momento, a maior parte dos casos documentados de conjuntivite devido à varíola dos macacos não evoluiu para um estágio muito grave. O tratamento pode durar de duas a quatro semanas.
Para prevenir a contaminação pelos olhos, busque higienizar as mãos frequentemente; evite tocar olhos, ouvidos e nariz; não compartilhe e nem utilize colírios por conta própria; use máscara e não compartilhe objetos de uso pessoal como talheres, toalhas de rosto, fronhas e lençóis.
Revisado por Paulo Schor, médico oftalmologista, professor livre docente e diretor de inovação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e colaborador da Faculdade de Medicina do Hospital Albert Einstein.
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