Há muito tempo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta sobre o perigo do diabetes. A doença cresce ano a ano em todo o mundo e, nos últimos 40 anos, quadruplicou o número de casos.
De acordo com a 10ª edição do Atlas da Diabetes, publicação da Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês) e pré-divulgada recentemente, 537 milhões de pessoas entre 20 e 79 anos têm diabetes no mundo. Um crescimento de 16% em relação a 2019.
Isso equivale a um diabético a cada dez pessoas. E esse cenário fica ainda pior: quase metade (44,7%) nem imagina que enfrenta a doença. Para os próximos anos, a projeção é de 643 milhões de diabéticos em 2030 e de 784 milhões em 2045.
O estilo de vida, a falta de acesso à saúde nos países em desenvolvimento e a atual pandemia, que acentuou o sedentarismo, a má alimentação e postergou cuidados médicos, são os principais fatores para esses números. Em seguida, veja mais dados preliminares apresentados pela IDF.
Diabetes no mundo
De acordo com o levantamento, feito a cada dois anos, 10,5% da população mundial têm diabetes. Dessa forma, o número supera, proporcionalmente, o crescimento da população global. Até então, a cada 11 pessoas, uma era diabética.
Além disso, 44,7% nem sequer sabem que estão doentes. O que pode agravar muito o diabetes, já que as pessoas só buscam ajuda quando surgem os sintomas. Sem dúvida, esse dado é preocupante. A falta de controle pode acarretar outros problemas graves, como cegueira, lesões no rim, alterações no coração e até a morte.
A doença também é uma das que mais mata: 6,7 milhões de pessoas perderam a vida devido ao diabetes. Isto é: a cada cinco segundos, uma pessoa morreu em decorrência do problema. Essa conta ainda não inclui os óbitos decorrentes de complicações de outras enfermidades que foram agravadas devido ao diabetes, como a covid-19.
A presença da doença é muito maior nos países em desenvolvimento: 81% dos adultos doentes vivem nestas localidades. Ou seja, 4 a cada 5 diabéticos. Segundo o atlas, 32 milhões de diabéticos são da América Latina e América Central.
Tanta gente doente custa muito dinheiro: US$ 966 bilhões de gasto mundial com saúde, alta de 316% nos últimos 15 anos, segundo a IDF.
Diabetes no Brasil
Na edição de 2019, eram 16,8 milhões de diabéticos no Brasil. No ranking mundial, estamos em 5º lugar atrás apenas da China, Índia, Estados Unidos e Paquistão.
Entre as capitais brasileiras, o Rio de Janeiro destaca-se com o maior índice de diagnósticos no país: 11,2%. Em seguida, está Maceió (11%) e Porto Alegre (10%). A doença também atinge mais mulheres (9%) do que homens (7,3%) por aqui.
Os dados são da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2020, do Ministério da Saúde.
Em relação aos custos investidos no tratamento dos diabéticos brasileiros de 20 a 79 anos, o Atlas estima US$ 52,3 bilhões ao ano. Isso equivale a US$ 3 mil dólares por adulto.
Mais dados sobre o Brasil devem ser publicados na edição completa, com previsão de lançamento em 6 de dezembro.
Causas
Especialistas afirmam que o diabetes está saindo do controle e que falta informação e conscientização para prevenção. O estilo de vida atual é um dos principais fatores para o número cada vez mais alto da doença. Sedentarismo e má alimentação, com uma dieta rica em gorduras e carboidratos, vem gerando problemas como hipercolesterolemia, hipertensão, sobrepeso, obesidade e pré-diabetes, dentre outros.
Em países de baixa e média renda, que possuem o maior número de diabéticos, falta acesso à saúde, que retardam diagnósticos, tratamentos e até a orientação a uma alimentação balanceada.
Diabetes e olhos
Uma das possíveis complicações da diabetes é nos olhos. De acordo com estudo da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), 40% das pessoas que sofrem com o diabetes apresentam alterações oftalmológicas.
Dentre elas, está a retinopatia diabética. Hoje, cerca de 40% dos 4 milhões de brasileiros diagnosticados com retinopatia possuem diabetes. De fato, a duração da diabetes e o descontrole da glicemia têm uma relação direta com a retinopatia.
Essa doença subdivide-se em dois tipos: pré-proliferativa, que não requer tratamento com laser, e proliferativa, em que ocorrem neovasos e também precisa de terapia.
Para o diagnóstico do tipo correto, é preciso avaliar o fundo de olho por meio de exames.
A doença também pode provocar glaucoma. O Ministério da Saúde estima que portadores de diabetes têm 40% mais chances de desenvolver o problema.
Além disso, diabéticos tem 60% mais chances de terem catarata mais precoce. Nesta situação, o problema aparece mais cedo tem uma progressão mais rápida do que a catarata senil. Por isso, é a principal causa da perda de visão em pacientes com diabetes. Entretanto, é reversível com cirurgia.
Os dados são da revista Universo Visual.
Com toda a certeza, para os portadores de diabetes, é essencial ficar atento a qualquer alteração na visão. Portanto, mesmo que esteja tudo bem, é importante fazer exames periódicos com o oftalmologista.
Isso porque a prevenção e o diagnóstico precoce são as chaves para não ter danos sérios, como deficiência visual grave e até cegueira, em caso de complicações do diabetes.
Revisado por Paulo Schor, médico oftalmologista, professor livre docente e diretor de inovação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e colaborador da Faculdade de Medicina do Hospital Albert Einstein.
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