A celulite periorbitária ou pré-septal é uma infecção da pálpebra, na porção anterior do septo orbitário, que atinge com mais frequência crianças do sexo masculino, com até 10 anos de idade – sobretudo menores de 5 anos.
Por apresentar sintomas similares à conjuntivite bacteriana e viral e ao edema alérgico, tem difícil diagnóstico. Além disso, também compartilha os mesmos sinais de enfermidade com a celulite orbitária. Porém, são doenças diferentes e que necessitam de tratamentos distintos.
Portanto, entenda neste post o que é a celulite periorbitária, as causas, a diferença em relação à celulite orbitária, os sintomas, o diagnóstico e os tratamentos recomendados.
O que é celulite periorbitária
A celulite periorbitária ou pré-septal é uma infecção da pálpebra, na porção do septo orbitário. Desse modo, não envolve a órbita ou outras estruturas oculares, como gordura e músculos.
Como aproximadamente 80% dos casos ocorrem em crianças do sexo masculino, com até 10 anos de idade (a maioria, menores de 5 anos), é considerada uma doença pediátrica.
Dentre suas principais causas, estão infecção facial ou palpebral devido a traumas, picadas de inseto, mordidas de animais, varicela, calázio, conjuntivite, dacriocistite ou sinusite.
Em relação à etiologia, os agentes podem variar. Por exemplo, a infecção dos seios está mais associada ao Streptococcus pneumoniae. Já quando a causa é um trauma local, Staphylococcus aureus e S. pyogenes prevalecem. Atualmente, eventos com Haemophilus influenzae e fungos são raros.
Há também outros fatores, porém mais incomuns: espécies de Acinetobacter, Nocardia brasiliensis, Bacillus anthracis, Pseudomonas aeruginosa, Neisseria gonorrhoeae, Proteus spp, Pasteurella multocida e Mycobacterium tuberculosis e Trichophyton spp.
Celulite periorbitária x orbitária
Sem dúvida, é fundamental conhecer as diferenças entre a celulite periorbitária e a orbitária. Basicamente, é a infecção ser anterior ou posterior ao septo orbitário. Enquanto a periorbitária ocorre na porção anterior, a orbitária atinge os tecidos da órbita posterior.
Outra distinção é que a primeira é superficial na fase inicial. Já a segunda, começa profunda ao septo orbitário.
De fato, ambas apresentam as mesmas causas, sintomas e tratamentos parecidos. Contudo, na celulite orbitária, podem haver ainda exoftalmia, mal-estar, limitação da mobilidade ocular e perda da visão.
Sintomas
Em seguida, conheça os sintomas mais frequentes de celulite periorbitária:
- Dor ocular;
- Dor ao toque;
- Edema na pálpebra, que pode dificultar a abertura do olho;
- Calor;
- Rubor ou pigmentação da pálpebra;
Nos casos mais raros, pode acontecer edema conjuntival. Por outro lado, é importante ressaltar que não há comprometimento da acuidade visual, do movimento dos olhos e nem quadro de proptose. Porém, se o paciente apresentar esses sinais, provavelmente a doença se espalhou para a órbita.
Diagnóstico
De fato, o diagnóstico de celulite periorbitária é feito por meio de uma avaliação clínica. O médico avaliará edema derivado de traumas locais, mordidas de insetos ou animais, corpos estranhos retidos, reações alérgicas, tumores e pseudotumor orbitário inflamatório. Por exemplo, se o edema for profundo, a análise contará com o auxílio de um blefarostato.
Além disso, há a possibilidade de realizar exame de imagem no caso de dúvidas. Dessa forma, é indicado a realização de tomografia computadorizada (TC) com contraste das órbitas e seios da face. Para fechar o diagnóstico, o médico deve observar edema da(s) pálpebra(s) e a falta de proptose, infiltração da gordura orbitária e edema dos músculos extraoculares.
Tratamento
O tratamento indicado para celulite periorbitária é com antibióticos.
De fato, na maioria dos casos, o patógeno não será identificado. Por isso, é essencial analisar os fatores predisponentes e prescrever o antibiótico para os organismos mais prováveis e o padrão de sensibilidade habitual na região.
Por exemplo, nas áreas em que existe predomínio de S. aureus resistente à meticilina, os médicos devem acrescentar os antibióticos indicados, como clindamicina, sulfametoxazol-trimetoprima ou doxiciclina para tratamento oral e vancomicina para tratamento ambulatorial.
O método inicial deve focar no combate aos patógenos causadores de sinusite (S. pneumoniae, H. influenzae, S. aureus, Moraxella catarrhalis não tipáveis).
Nos casos resultantes de um trauma local, o tratamento deve incluir cobertura para S. pyogenes. Em pacientes com feridas sujas, deve-se considerar infecção Gram-negativa.
O tratamento não hospitalizado do paciente pode ser uma opção depois de excluído o risco de celulite orbitária e para crianças sem sinais de infecção sistêmica com pais presentes e responsáveis.
O médico pediatra Breno Nery explica neste artigo, divulgado no portal PED, quais medicamentos utilizar e as dosagens. O mesmo faz o médico James Garrity, em seu artigo publicado no site Manual MSD.
Os pacientes devem ser acompanhados de perto por um oftalmologista.
Com informações de Breno Nery, para o portal PED, e James Garrity, para o site Manual MSD.
Conclusão
Neste post, você viu o que é a celulite periorbitária, as causas, as diferenças com a celulite orbitária, os sintomas mais comuns, como é feito o diagnóstico e quais os tratamentos indicados.
De fato, a celulite periorbitária é uma doença que merece total atenção. Isso porque atinge preferencialmente crianças, de até 10 anos, e pode evoluir caso não tratada precocemente.
Como possui semelhanças com celulite orbitária, conjuntivite bacteriana e viral e edema alérgico, é uma enfermidade superdiagnosticada. Portanto, precisa de conhecimentos mais profundos e atualizados.
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