A Realidade Aumentada na saúde permite uma combinação em tempo real de imagens nunca antes conseguida, gerando novas possibilidades no diagnóstico de doenças e podendo aumentar a precisão nos procedimentos cirúrgicos. Ou seja, tem potencial para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Em tempo real, a tecnologia mostra o mundo material sobreposto com imagens feitas por computador, possibilitando observações compostas bastante aperfeiçoadas.
Para isso, são utilizadas câmeras de smartphones, tablets, óculos inteligentes e até capacetes de última geração que dispensam o uso das mãos no comando de interfaces em sistemas e aplicativos.
Para você ter uma ideia, há uma forte tendência no emprego de Realidade Aumentada (RA) neste setor, de acordo com o Journal of Med Internet Research (JMIR). Mesmo o uso por médicos e instituições ainda caminhando devagar, existe um número cada vez maior de aplicações de RA na medicina.
Em seguida, conheça as vantagens da utilização de Realidade Aumentada na saúde e alguns cases de sucesso.
Realidade Aumentada x Realidade Virtual
Primeiro, é importante entender a diferença entre Realidade Aumentada e Realidade Virtual (RV).
RV é um ambiente simulado por computador que proporciona efeitos visuais, sonoros e até táteis ao usuário. Dessa forma, permite a imersão completa no cenário virtual, como se a pessoa realmente estivesse presente ali. Para isso, utiliza tecnologias com displays estereoscópicos, como os populares headsets (óculos especiais que transmitem a simulação).
Já a RA integra o físico e o virtual ao sobrepor imagens computadorizadas no mundo real, por meio de softwares e dispositivos. Por exemplo, o aplicativo Google Glass pode ser acessado pelo próprio celular ou tablete do usuário. Há também o famoso jogo Pokémon Go, em que os jogadores procuravam pokémons virtuais em ambientes do mundo real usando a câmera do celular.
Realidade Aumentada na saúde: vantagens
Sem dúvida, há inúmeras vantagens do uso de RA na saúde. Uma delas é facilitar o acesso ao histórico médico do paciente em emergências ou na mesa de cirurgia, por exemplo. A sobreposição de imagens também pode permitir uma maior precisão na localização do sítio de interesse em procedimentos cirúrgicos e, desse modo, menos riscos ao paciente. Neste caso, é possível integrar exames de imagens e enxergar melhor cada detalhe dos órgãos no pré-operatório e, assim, ter mais sucesso na cirurgia.
Aliás, a tecnologia é uma grande aliada da telemedicina. Por exemplo, especialistas podem instruir outros médicos à distância em operações mais complexas. Outra vertente é a medicina diagnóstica, pois o paciente pode compreender melhor o diagnóstico e o tratamento recomendado.
A RA tem sido utilizada também na triagem digital de pacientes que sofreram acidentes. Nestes casos, ajuda ortopedistas na realização de cirurgias artroscópicas em ombros e no treino de internos e residentes na realização de ultrassom no local de atendimento.
A neurocirurgia é uma das especialidades mais avançadas no emprego de RA, com relatos de ressecção de tumores, cirurgias neuro vasculares abertas, procedimentos na coluna vertebral, localização de cateteres ou sondas, ressecção cortical em epilepsia e aneurismas envolvendo trajetórias incomuns ou ramificações ocultas.
Em hospitais e clínicas, a tecnologia auxilia no suporte remoto ao possibilitar que técnicos e equipes no local ganhem ajuda especializada necessária para instalação, configuração, manutenção, solução de problemas e reparo de equipamentos hospitalares sensíveis e especializados.
Ensino na medicina
Por meio da Realidade Aumentada na saúde, é possível ver detalhes do corpo humano e treinar procedimentos de modo repetitivo e preciso.
Estudante, imagine praticar cirurgia em um ambiente virtual? A Universidade de Stanford possui um simulador que permite o treinamento mais completo para o futuro cirurgião.
Para os pesquisadores, um ambiente cirúrgico virtual tridimensional pode permitir um planejamento e ensaio pré-operatório aprimorado. Desse modo, melhora os resultados do paciente, diminui as taxas de complicações e aprimora as habilidades técnicas.
O Stanford Virtual Surgical Environment (VSE) é desenvolvido para procedimentos rinológicos. A tecnologia permite que o cirurgião interaja com reconstruções tridimensionais específicas do paciente de conjuntos de dados de TC de seio nasal usando um dispositivo de interface háptico modificado, acionando um endoscópio virtual.
No Brasil, também há opções de simuladores. Por exemplo, o Eyesi é voltado para treinamento de cirurgia intraocular de catarata e procedimentos vítreo retinianos. Apresenta score de performance e avalia tremor, precisão do movimento e repetitividade, dentre outras análises. Com isso, é uma boa ferramenta para a prática de residentes e a introdução de novas técnicas em cirurgia oftalmológica.
Há também os sistemas cirúrgicos para cirurgia robótica da Vinci, que já estão na quarta geração. A tecnologia realiza cirurgias minimamente invasivas em diferentes procedimentos. Uma de suas ferramentas é um console – inspirado nos simuladores de voo – em que os médicos visualizam as imagens em 3D de alta definição e fazem os movimentos operatórios com as próprias mãos, que são transmitidos para o robô.
Outra aplicação é o treinamento e requalificação de estudantes, residentes e especialistas em atendimento ou dentro do centro cirúrgico. Dessa forma, é possível realizar uma análise etnográfica da atuação do profissional, que fica sozinho durante o procedimento, por meio da captação das imagens por câmera instalada no local.
Soluções de Realidade Aumentada na saúde
No mercado, já existem soluções bem interessantes de RA.
Por exemplo, o aplicativo EyeDecide permite ver o globo ocular de qualquer ângulo apenas tocando diretamente na imagem gerada no tablet e girando-o com o dedo. É possível também reduzir, expandir, mover ou fazer anotações no olho em quase todas as direções. Tudo isso auxilia na simulação de diversos distúrbios e ajuda na precisão do diagnóstico.
Já o app Anatomy 4D possibilita explorar mais de duas mil estruturas anatômicas. Sem dúvida, auxilia estudantes e faculdades de medicina.
Mesmo com todas as vantagens, a Realidade Aumentada na saúde ainda é relativamente nova e não é empregada fortemente na área. Entretanto, conforme prova seu valor para a qualidade do atendimento ao paciente, logo as tecnologias de RA entrarão mais forte no setor médico.
Revisado por Paulo Schor, médico oftalmologista, professor livre docente e diretor de inovação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e colaborador da Faculdade de Medicina do Hospital Albert Einstein.
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