Atualmente, parte dos exames oftalmológicos podem ser feitos de duas maneiras: com midríase ou não midriático.
A dilatação da pupila ainda é o processo mais adotado devido à visualização completa da estrutura dos olhos. Porém, as avaliações não midriáticas vem ganhando cada vez mais espaço por oferecer alta qualidade da imagem, conforto ao paciente, redução de custos, aumento da produtividade e, consequentemente, maior rentabilidade ao consultório.
Dessa forma, qual método você deve escolher? De fato, nem todos os exames podem ser realizados sem a dilatação da pupila. O não midriático é uma opção para retinografias e fundoscopia, por exemplo.
Em seguida, veja quais são as vantagens da midríase e do não midriático na execução do exame oftalmológico.
Exame oftalmológico: midríase
Para enxergar toda a estrutura dos olhos, usamos colírios anticolinérgicos e/ou alfa-adrenérgicos para dilatar a pupila. O primeiro engloba a atropina, tropicamida e ciclopentolato. Já o alfa-adrenérgico trata-se de fenilefrina. Pode-se aplicá-los separadamente ou de modo combinado.
Cada colírio tem características próprias, como início do tempo de ação, período de duração, sintomas e reações. Os efeitos mais comuns apresentados são visão turva, ofuscamento e sensibilidade à luz durante a ação do produto.
De fato, a midríase é bastante seguro ao paciente. Porém, em poucos casos, podem ocorrer reações como alergia ao colírio, tontura ou mal-estar. E, em raríssimas situações, complicações mais graves, como crise de glaucoma agudo, principalmente em pacientes com o ângulo da câmara anterior estreito, geralmente relacionado ao alto grau de miopia (a partir de seis graus).
Dilatar a pupila também traz algumas desvantagens ao médico e paciente, ainda mais em meio à atual pandemia. Por exemplo, menor número de atendimento diário devido à limitação de pessoas na sala de espera, necessidade de acompanhante e desconforto ao paciente.
Colírios anticolinérgicos
Os colírios anticolinérgicos realizam a dilatação da pupila ao relaxar os músculos responsáveis pela contração dessa estrutura. Além disso, também paralisam momentaneamente o reflexo da acomodação.
A tropicamida é o mais utilizado em consultórios oftalmológicos. Isso por causa de dois fatores: o tempo de duração é menor, entre duas e seis horas, e o início de ação é mais rápido, entre 10 e 20 minutos. Se combinado com fenilefrina, dilata ainda mais.
Já o ciclopentolato bloqueia a ação do esfíncter da íris e do músculo ciliar e é bastante eficaz no cálculo do grau do paciente, em exames de fundo de olho e no mapeamento da retina. Também tem uso terapêutico contra uveítes. Faz a dilatação da pupila entre 20 e 30 minutos e tem duração prolongada, de 12 a 24 horas.
A atropina inicia entre 20 e 30 minutos, mas a dilatação dura por um longo período. Isso porque a degradação é lenta e os efeitos, como visão embaçada, podem durar de três a 14 dias.
Desse modo, é adotada em alguns tratamentos de estrabismo, quando provoca visão turva no olho em boas condições para estimular o olho desviado. Outras finalidades são no tratamento de inflamações oculares e no combate à progressão da miopia, com aplicações de doses muito baixas.
Colírios alfa-adrenérgicos
Os colírios alfa-adrenérgicos provocam a dilatação da pupila ao estimular a contração dos músculos dos olhos. Neste agente, está a fenilefrina, que tem ação direta nos receptores alfa-adrenérgicos e deixa a pupila mais dilatada em comparação aos colírios anticolinérgicos. Também apresenta início rápido, em torno de 10 minutos, e duração entre duas e quatro horas.
É mais empregado para exames de fundo de olho ou mapeamento da retina e em cirurgias oculares, como a de catarata. Se combinado com tropicamida, dilata ainda mais.
Exame oftalmológico: não-midriático
Os exames não midriáticos também permitem uma ótima visualização do fundo do olho, mas sem a necessidade de dilatar a pupila. Com isso, são mais rápidos de fazer. São indicados para retinografias e fundoscopia.
Desse modo, é possível aumentar o número de atendimentos diários, já que elimina o tempo de espera para o colírio agir e o tempo do exame, diminui o período de atendimento e a necessidade de acompanhante para o paciente.
Sem falar no maior conforto do paciente por não dilatar a pupila, passar menos tempo no consultório e precisar arranjar companhia – ainda mais com a atual pandemia.
Outra vantagem do exame oftalmológico não midriático é reduzir custos com colírios anestésicos no consultório, que é mais caro em relação ao produto sem anestésico.
A retirada da midríase de alguns exames também elimina o risco de complicações, mesmo sendo raríssimas.
Por fim, você pode optar por equipamentos não midriáticos, portáteis ou de mesa, que oferecem ainda mais nitidez nas fotografias de fundo do olho. Além disso, há opções conectadas à nuvem, que permitem o diagnóstico remoto, e com ótimo custo-benefício.
Com informações do artigo “Colírios Anticolinérgicos ou alfa-adrenérgicos”, do oftalmologista Pedro Paulo Cabral.
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