A sífilis ocular é uma manifestação da sífilis que pode surgir quando a doença não é tratada adequadamente. Esse estágio acontece anos após a infecção e tem diagnóstico desafiador pois, apesar de lesões direcionadores, chamamos o treponema palidum (agente etiológico da doença) de “o grande imitador”. Isso porque ele pode simular várias manifestações diferentes. Nessa fase, o problema pode até causar cegueira.
Mas, um novo estudo apontou que a Tomografia de Coerência Óptica (OCT), exame oftalmológico comum no SUS, pode ajudar na identificação precoce da sífilis ocular. O trabalho foi feito pela Universidade de São Paulo (USP) e publicado recentemente no periódico Ocular Immunology and Inflammation.
Em seguida, saiba como a pesquisa foi realizada, os resultados e quais devem ser os próximos passos para o uso de OCT no diagnóstico da doença.
O estudo
Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), da USP, avaliaram um dos olhos de 54 pacientes com sífilis ocular internados no Hospital das Clínicas da FMRP (HCFMRP). Após parte receber o tratamento, os cientistas ainda analisaram 31 olhos.
Por meio do exame de Tomografia de Coerência Óptica (OCT), os pesquisadores encontraram lesões na retina que podem auxiliar no diagnóstico precoce da doença.
Os resultados
O exame oftalmológico identificou manchas arredondadas, irregularidades, elevações e descolamento nas retinas estudadas. De acordo com os autores do trabalho, é a primeira vez que o OCT verifica alterações frequentes na retina em uma grande série de casos de sífilis ocular. Essas modificações são imperceptíveis no exame clínico.
Sem dúvida, os achados de OCT têm valor diagnóstico na sífilis ocular, mas não predizem o prognóstico. Entretanto, o exame, comum no SUS e em clínicas particulares, pode ajudar na visualização de indícios da doença ainda no estágio inicial. Depois de confirmar o diagnóstico com sorologia e encaminhar ao tratamento indicado, o paciente tem boas chances de não ficar com sequelas permanentes na visão.
Foto: Instituto de Olhos Eduardo Paulino.
Revisado por Paulo Schor, médico oftalmologista, professor livre docente e diretor de inovação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e colaborador da Faculdade de Medicina do Hospital Albert Einstein.
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