A Síndrome da Insuficiência Adquirida (Aids), causada pelo vírus HIV, pode afetar diversas regiões dos olhos, desde a pálpebra até a retina, e provocar manifestações locais.
Isso acontece porque o vírus reduz as células de defesa do organismo, desajustando a imunidade que antes regulava processos, como a divisão celular e proliferação de agentes infecciosos, principalmente em estágios mais avançados.
Dentre as manifestações, a mais frequente é a retinopatia por HIV. Sendo progressiva, é fundamental o acompanhamento do paciente por um oftalmologista para prevenção e detecção precoce de possíveis complicações nos olhos.
Em seguida, entenda mais sobre o problema, como surge, sintomas, como fazer o diagnóstico precoce e o tratamento.
Retinopatia por HIV – o que é
Também conhecida como retinopatia da Aids, a retinopatia pelo HIV causa exsudatos algodonosos (edema localizado, secundário a infarto da camada de fibras nervosas, que se apresentam como borrões brancos parecidos com flocos de algodão). Pode provocar também pequenas hemorragias na retina, microaneurismas e teleangectasias.
Isso se deve ao dano à isquemia retiniana, secundária a processos vasculares. Diversos estudos sobre os pequenos vasos da retina afetados pelo vírus demonstram edema das células endoteliais, duplicação da lâmina basal e perda de pericitos. Desse modo, aponta-se para a quebra da barreira uveovascular como mecanismo patológico da manifestação.
A exata patogenia ainda é desconhecida. A hipótese é que seja multifatorial: combinação de depósito de imunocomplexos, alteração vascular decorrente da infecção pelo vírus, lesão local por elementos citotóxicos e anormalidades reacionais.
Pesquisas recentes apontam para a maior prevalência de lesões do segmento posterior e baixa acuidade visual em pacientes com níveis menores de linfócitos T com CD4. Na verdade, a contagem de CD4 menor que 200 células mm³ e idade maior do que 35 anos foram os principais fatores de risco independentes para a retinopatia pelo HIV.
Geralmente, os exsudatos desaparecem naturalmente entre duas e seis semanas e não deixam sequelas na visão. Na maioria dos casos, não apresentam sintomas iniciais.
O grande perigo é a abertura para o surgimento de infecções oportunistas, como a retinite por citomegalovírus (CMV). Estima-se que 45% dos pacientes com retinopatia pelo HIV desenvolvam o quadro. A complicação ocorre geralmente quando a contagem de CD4 está abaixo de 100/mm³.
Retinopatia pelo HIV – diagnóstico
Como é assintomático na maioria dos casos, o paciente com HIV precisa ser acompanhado por um oftalmologista. O diagnóstico de retinopatia pelo HIV é realizado por exame de fundo de olho. Neste caso, os achados da doença são parecidos com os de outras retinopatias, como as derivadas do diabetes e de hipertensão arterial, e necessita de um olhar mais atento do especialista.
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Por ser integrado à nuvem, disponibiliza automaticamente os dados na plataforma on-line EyerCloud. Dessa forma, possibilita o armazenamento e gerenciamento dos exames dos pacientes. Além disso, o diagnóstico pode ser feito por um médico localizado em qualquer lugar do mundo.
Mais de 40 mil exames já foram realizados com o Eyer em todo o Brasil. Ao todo, há 43 mil pacientes cadastrados do SUS, ações sociais e mutirões, como o Mutirão de Diabetes de Itabuna (BA), consultórios e instituições como USP, Unifesp, Hospital Albert Einstein, Santa Casa de São Paulo e Bayer, dentre outros.
Mesmo com tecnologias de ponta aplicadas na produção do aparelho, a portabilidade e o tamanho reduzido permitem que o Eyer apresente um custo até dez vezes mais baixo em relação aos retinógrafos tradicionais.
Tratamento
O tratamento da doença não é específico, sendo que a introdução da terapia anti-retroviral (TARV) tem minimizado muito o problema. Pesquisas demonstram diminuição de até 95% na incidência de algumas complicações oculares relacionadas ao HIV com o uso da TARV.
Apesar desta redução, a averiguação de lesões oculares em pacientes com HIV permanece muito importante. Isso porque pode trazer prejuízos à função visual, como a cegueira, quando surgem infecções oportunistas, como a retinite por CMV.
Revisado por Paulo Schor, médico oftalmologista, professor livre docente e diretor de inovação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e colaborador da Faculdade de Medicina do Hospital Albert Einstein.
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