A degeneração da retina, por meio de deterioração progressiva e perda da função dos fotorreceptores, é um dos principais motivos de perda definitiva da visão em todo o mundo.
Atualmente, o tratamento envolve próteses retinianas colocadas em neurônios retinianos sobreviventes, que são eletricamente estimulados com dispositivos implantados no olho, além de terapia optogenética.
Dessa forma, os procedimentos são invasivos, como cirurgias de implantação complexas e terapia gênica. Agora, uma pesquisa divulgada na revista científica BME Frontiers descobriu que a estimulação da retina por meio de ultrassom pode acionar certos circuitos neurais ligados ao cérebro e restabelecer parte da visão.
Em seguida, veja como foi feito o estudo e como os resultados podem levar ao desenvolvimento de prótese de retina não invasiva e capacitada para funcionar sem necessidade de cirurgia.
Recuperação da visão: a pesquisa
Os cientistas aplicaram estímulos na retina de ratos cegos por meio de ultrassom em área específica da membrana. Dessa forma, pequenos grupos de neurônios, incluindo o colículo superior e o córtex visual primário (V1), foram ativados e conseguiram enviar sinais para o cérebro.
As atividades dos neurônios induzidas pelo transdutor de ultrassom de 3,1 MHz com foco esférico personalizado mostraram boa resolução espacial de 250 μm e resolução temporal de 5 Hz nos centros visuais dos roedores. Além disso, um transdutor helicoidal de 4,4 MHz personalizado adicional foi implementado para gerar um padrão de estimulação estática de formas de letras.
Agora, os pesquisadores pretendem desenvolver um dispositivo para realizar experimentos em pacientes humanos. Isso porque, durante o estudo, os neurônios liberavam sinal mais forte quando ativados cinco vezes por segundo. Entretanto, o cérebro humano possui velocidade de cálculo muito maior, o que pode gerar imagens muito irregulares.
Neste sentido, a pesquisa investigará se é necessário aplicar uma frequência maior do ultrassom para ativar os neurônios de forma mais intensa.
Uma empresa demonstrou interesse em comprar a licença sobre a técnica e fornecer suporte para a realização de futuros experimentos em outros animais, como coelhos e macacos. A expectativa é que experimentos sejam feitos em humanos nos próximos cinco anos.
Revisado por Paulo Schor, médico oftalmologista, professor livre docente e diretor de inovação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e colaborador da Faculdade de Medicina do Hospital Albert Einstein.
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