De fato, ainda não sabemos quais são as consequências do novo coronavírus no organismo a médio e longo prazo. Mais do que isso, se são temporárias ou permanentes.
Diversos relatos e pesquisas têm identificado sequelas na saúde de pacientes curados. Dentre elas, dor de cabeça frequente, fadiga, sonolência, problemas de memória, perda de olfato e de paladar e, nos casos mais graves, alterações nos rins, cérebros, pulmões e coração.
Agora, uma paciente apresentou ataque agudo de glaucoma após Covid-19, dois meses depois da recuperação. Um estudo, publicado recentemente na revista Jama Ophthalmology, encontrou o antígeno da proteína N (nucleocapsídeo) do SARS-CoV-2 nos tecidos oculares da portadora. A proteína regula o sistema de replicação do vírus.
Apesar de ser apenas um caso até o momento, o relato é importante para alertar e incentivar a investigação das possíveis sequelas do coronavírus também nos olhos.
Portanto, conheça a seguir mais sobre a pesquisa, como foi realizada e quais são os resultados.
O estudo
Cientistas de Wuhan, na China, detectaram uma proteína reguladora do novo coronavírus nos olhos de uma paciente curada da Covid-19. O relato do caso foi divulgado na revista Jama Ophthalmology.
A mulher, de 64 anos, testou positivo para a doença e passou 18 dias internada. Porém, não apresentou sintomas graves. Entretanto, oito dias após a recuperação, a paciente sofreu perca de visão nos dois olhos e dores agudas no local.
Exames demonstraram um aumento considerável e perigoso na pressão do humor aquoso, que chegou a 50 mmHg – o ideal é até 22 mmHg. O diagnóstico foi de glaucoma agudo de ângulo fechado.
A paciente passou por duas cirurgias, já que o tratamento com remédios não surtiu efeito. Na ocasião, os médicos retiraram amostras do tecido conjuntivo para análise.
Os resultados
No material, os pesquisadores localizaram o antígeno da proteína N (nucleocapsídeo) dentro das células da conjuntiva, malha trabecular e íris, mesmo após dois meses da recuperação. Essa proteína é responsável pelo processo de replicação do vírus.
Em seguida, comparou-se os resultados a um paciente controle, sem infecção pelo coronavírus, que foi submetido às cirurgias iguais e no mesmo período. Contudo, o homem não apresentou a proteína. Desse modo, o estudo sugere uma possível capacidade do vírus em infectar outros órgãos além do sistema respiratório. Inclusive, os olhos.
Todavia, é fundamental destacar que o caso dessa paciente é raro. Por outro lado, demonstra a necessidade de mais investigações sobre como o novo coronavírus afeta os olhos.
Conclusão
Sem dúvida, o relato de glaucoma após Covid-19 é importantíssimo para buscar respostas em um cenário em que ainda não está claro quais são as sequelas da doença.
Por isso, o estudo investigou se os antígenos virais que permaneceram nos olhos, mesmo após dois meses, podem provocar danificações à estrutura ocular. Além disso, se também apontam para resquícios ativos do vírus em outros órgãos e se são infecciosos.
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