As infecções oculares pós-operatórias são uma grande preocupação entre os oftalmologistas, pois podem levar à cegueira potencial se não forem tratadas prontamente.
Nos Estados Unidos, pesquisadores da Wayne State University identificaram três medicamentos não antibióticos que podem proteger o olho de inflamações graves durante infecções bacterianas.
Os medicamentos também podem ser usados como terapia adjuvante com antibióticos padrão para minimizar os resultados da infecção. O trabalho foi publicado recentemente no periódico iScience.
Em seguida, saiba como foi feita a pesquisa, os resultados e quais serão os próximos passos.
A pesquisa
Uma das infecções mais comuns após cirurgias oculares é a endoftalmite induzida por Staphylococcus aureus, na qual bactérias externas ganham acesso ao interior do olho e proliferam.
O tratamento atual para essa complicação envolve antibioticoterapia local ou sistêmica, que reduz a população do microorganismo de modo eficiente, mas faz pouco para reduzir a inflamação. Cerca de 50% dessas infecções também são causadas por diferentes cepas resistentes a antibióticos, que podem levar ao fracasso do tratamento e à perda da visão.
Os pesquisadores usaram técnicas de transcriptômica de alto rendimento para entender as alterações no nível do genoma envolvidas na resposta do hospedeiro durante a endoftalmite bacteriana. Para isso, adotaram uma abordagem inovadora de biologia de sistemas para identificar as principais moléculas e vias associadas com endoftalmite por Staphylococcus aureus.
A equipe previu as três drogas que reverteriam as assinaturas genéticas da endoftalmite bacteriana pelo S.AUREUS, na retina de um modelo animal: Cloreto de Dequalínio, Tosilato de Clofilium e Glibenclamida.
Os resultados
O estudo testou a eficácia das drogas e descobriu que todas exibiam propriedades anti-inflamatórias contra cepas bacterianas sensíveis e resistentes a antibióticos em células retinianas cultivadas.
“Enquanto as injeções intravítreas de todas as drogas reduziram a inflamação intraocular, mesmo em olhos de camundongos infectados por SA resistentes à meticilina; DC e CT foram capazes de reduzir a carga bacteriana também. Os tratamentos medicamentosos melhoraram a função visual e protegeram o olho da morte das células da retina”, disse em comunicado a pesquisadora Susmita Das.
“Também queríamos verificar o resultado da doença após uma terapia adjuvante desses medicamentos com o tratamento antibiótico existente durante a infecção ocular e descobrimos que esses medicamentos demonstraram sinergia com a vancomicina na melhora da gravidade da doença”, acrescentou o professor e pesquisador Ashok Kumar.
Agora, os cientistas estão investigando os mecanismos subjacentes às propriedades antimicrobianas e anti-inflamatórias dessas drogas e testando sua eficácia contra outros patógenos bacterianos, a fim de elucidar completamente a interação entre as drogas, o hospedeiro e o microoganismo.
Revisado por Paulo Schor, médico oftalmologista, professor livre docente e diretor de inovação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e colaborador da Faculdade de Medicina do Hospital Albert Einstein.
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