A perda do fator derivado do epitélio pigmentar da proteína (PEDF, na sigla em inlês), que protege as células de suporte da retina, pode provocar alterações relacionadas à idade na retina. Vale ressaltar que o PEDF é chamado de proteína “juventude” porque é abundante em retinas jovens, mas diminui conforme as pessoas envelhecem.
Essa é a conclusão de um novo estudo em camundongos realizado pelo National Eye Institute (NEI), dos Estados Unidos. O trabalho foi publicado recentemente no periódico International Journal of Molecular Sciences.
Em seguida, saiba como foi feita a pesquisa e como os resultados podem, no futuro, auxiliar na prevenção à Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) e outros problemas de envelhecimento do olho.
Envelhecimento do olho – Epitélio pigmentar da proteína (PEDF)
Se o epitélio pigmentar da retina (EPR) não puder fornecer componentes reciclados de pontas de segmentos externos mais antigos de volta aos fotorreceptores, essas células perdem a capacidade de fazer novos segmentos e, eventualmente, tornam-se incapazes de detectar a luz.
E, sem nutrientes fornecidos pelo EPR, os fotorreceptores morrem. Em pessoas com DMRI ou certos tipos de distrofias retinianas, o envelhecimento ou morte das células do EPR na retina leva à perda da visão.
Trabalhos anteriores mostraram que o PEDF protege as células da retina, evitando danos e crescimento anormal dos vasos sanguíneos na região.
As células RPE produzem e secretam a proteína PEDF. A proteína então se liga ao seu receptor, PEDF-R, que também é expresso pelas células RPE. A ligação do PEDF estimula o PEDF-R a quebrar as moléculas lipídicas, componentes-chave das membranas celulares que envolvem os segmentos externos dos fotorreceptores e outros compartimentos celulares. Esta etapa de decomposição é uma parte fundamental do processo de reciclagem do segmento externo.
E, embora os pesquisadores saibam que os níveis de PEDF caem na retina durante o processo de envelhecimento, não ficou claro se essa perda de PEDF estava causando ou apenas correlacionada com alterações relacionadas à idade na retina.
A pesquisa
Para examinar o papel retiniano do PEDF, os pesquisadores estudaram um modelo de camundongo que não possui o gene PEDF (Serpin1). Os pesquisadores examinaram a estrutura celular da retina, descobrindo que os núcleos das células do RPE estavam aumentados, o que pode indicar mudanças na forma como o DNA das células é empacotado.
As células RPE também ativaram quatro genes associados ao envelhecimento e senescência celular, e os níveis do receptor PEDF estavam significativamente abaixo do normal.
Finalmente, lipídios não processados e outros componentes do segmento externo do fotorreceptor se acumularam na camada RPE da retina. Alterações semelhantes na expressão gênica e defeitos no metabolismo do EPR são encontrados na retina envelhecida.
Os resultados
O estudo mostrou, pela primeira vez, que apenas a remoção do PEDF leva a uma série de alterações genéticas que imitam o envelhecimento na retina.
“Sempre nos perguntamos se a perda de PEDF era causada pelo envelhecimento ou estava causando o envelhecimento. Este estudo, especialmente com a clara ligação com o metabolismo lipídico alterado e a expressão gênica, indica que a perda é um fator de mudanças relacionadas ao envelhecimento na retina”, aponta o pesquisador Ivan Rebustini.
Revisado por Paulo Schor, médico oftalmologista, professor livre docente e diretor de inovação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e colaborador da Faculdade de Medicina do Hospital Albert Einstein.
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