De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 285 milhões de pessoas sofrem com deficiência visual de moderada a severa no mundo todo. Desse total, 39 milhões são completamente cegas. Os dados constam no relatório “As Condições da Saúde Ocular no Brasil 2019”, elaborado pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).
Por aqui, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que aproximadamente 1,5 milhões sejam cegos. Isto é, 0,75% da população brasileira.
Porém, há uma nova pesquisa que pode ajudar os pacientes permanentemente com cegueira. Publicada recentemente no periódico Nature Biomedical Engineering, o estudo criou um novo modelo de eletrodo intraneural que estimula diretamente o nervo óptico e, desse modo, gera a sensação de luz ao paciente.
Quer saber mais como funciona essa nova tecnologia? Então, continue lendo este post para entender como o trabalho foi desenvolvido, os resultados e quais serão os próximos passos.
A pesquisa
Os cientistas da Ecole Polytechnique Federal de Lausanne (EPFL), da Suíça, e da Scuola Superiore Sant’Anna, da Itália, elaboraram um novo modelo de eletrodo intraneural, nomeado de OpticSELINE, que circula o globo ocular e manda mensagens diretamente ao cérebro por meio do nervo óptico.
O estímulo da região produz fosfenos – sensação de ver a luz por meio de padrões brancos, mas sem vê-la diretamente. Com isso, esse dispositivo pode auxiliar as pessoas com deficiência visual a ter mais qualidade no dia a dia, uma vez que muitos indivíduos apresentam o nervo óptico e sua conexão com o cérebro intacto e funcional.
Para você entender melhor, a nova tecnologia possui uma matriz com 12 eletrodos que entram diretamente no nervo óptico. Os pesquisadores mediram a atividade do cérebro no córtex visual por meio de testes em coelhos.
Ao final da avaliação, os cientistas observaram que cada eletrodo forneceu um padrão único no cérebro, sugerindo que a estimulação intraneural do nervo óptico é seletiva e informativa.
Os resultados
“Acreditamos que a estimulação intraneural pode ser uma solução valiosa para vários dispositivos neuroproséticos para restauração da função sensorial e motora”, afirma Silvestro Micera, pesquisador envolvido no estudo. “O potencial de tradução dessa abordagem é extremamente promissor”.
Vale lembrar que, em meados de 1990, foi realizado um estudo que também testou essa técnica. Porém, os eletrodos eram do nervo do manguito: rígidos e que se movimentam, tornando instável a estimulação elétrica das fibras nervosas. Além disso, é provável que tenham seletividade limitada porque recrutaram fibras superficiais.
Por ser uma pesquisa preliminar, a percepção visual por trás desses padrões corticais permanece desconhecida. “Por enquanto, sabemos que a estimulação intraneural tem o potencial de fornecer padrões visuais informativos. Será necessário o feedback dos pacientes em futuros ensaios clínicos para ajustar esses padrões. De uma perspectiva puramente tecnológica, poderíamos fazer testes clínicos amanhã”, relata Diego Ghezzi, também pesquisador do estudo.
Conclusão
De fato, a pesquisa mostra um novo caminho para o tratamento de pessoas com deficiência visual, especialmente as cegas. Isso porque essa nova tecnologia pode ajudar na melhora da qualidade de vida ao permitir a sensação de ver a luz.
Contudo, o estudo deve seguir com os testes até obter resultados satisfatórios para ser agregado nos tratamentos atuais.
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