Sem dúvida, o diagnóstico de Alzheimer é um desafio. Isso porque alguns procedimentos que podem detectar sinais da doença apresentam altos custos, como imagens do cérebro, ou até sérios riscos. Desse modo, é muito difícil utilizar esses meios para realizar a triagem de milhões de pessoas.
Por causa disto, atualmente o diagnóstico ocorre por meio de testes de memória ou alterações comportamentais do paciente. Mas, infelizmente, esses indícios só surgem quando o quadro já está avançado.
Embora não exista cura, a detecção na fase inicial auxiliaria na busca por novos tratamentos que retardem a progressão do distúrbio. Isso é apenas um benefício dentre tantos outros que poderia acarretar.
Recentemente, a Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, criou um aplicativo para celular que pode identificar sintomas de Alzheimer e outras doenças neurológicas, como o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), por meio de uma selfie do olho.
Em seguida, entenda como funciona a tecnologia, que ainda está na fase de testes, e como pode representar um grande avanço no diagnóstico precoce do Alzheimer.
Como funciona
Por meio da tecnologia de reconhecimento facial do celular, o aplicativo realiza o mapeamento da pupila para verificar sua dimensão milimetricamente. Para isso, usa sensor de infravermelho para calcular o tamanho e, em seguida, faz uma foto colorida do olho por meio de selfie. A câmara também checa a distância entre o celular e o paciente.
A experiência é a mesma de um pupilômetro. Diversos trabalhos anteriores apontaram que as medidas da pupila podem fornecer dados sobre possíveis problemas neurológicos.
Resultados
Os resultados do teste alcançaram parâmetros próximos aos exames de diagnóstico usados atualmente. Porém, são realizados por meio de equipamentos especializados e caros. Já o aplicativo pode ser uma solução mais econômica e viável.
Isso porque o próprio paciente poderá realizar o exame na sua casa desde que possua um celular compatível com a nova ferramenta. Hoje, a maioria dos novos celulares estão aptos para receber o aplicativo.
Outra finalidade pode ser medir o nível de consciência de pacientes em coma ou que sofreram traumas cranianos. A tecnologia também poderá ser utilizada em larga escala em exames comunitários.
Como os idosos são os que mais sofrem com a doença, a ferramenta oferece mecanismos de comando de voz e orientações com base em imagens. Hoje, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima 35 milhões de pessoas com 65 anos ou mais com Alzheimer. Só no Brasil, a Associação Brasileira de Alzheimer fala em 1 milhão de pacientes.
Próximos passos
Agora, os pesquisadores planejam abranger pacientes com déficit cognitivo leve para verificar a praticidade e funcionalidade do aplicativo.
Sem dúvida, a tecnologia pode permitir que problemas neurológicos sejam identificados já na fase inicial, além de ocorrer de forma rápida, não invasiva e com custo baixo. Mais testes nos dirão da aplicabilidade no cotidiano das pessoas sobre esses incríveis avanços.
Desse modo, pode alcançar uma busca realizada há décadas pela medicina: o diagnóstico precoce do Alzheimer.
Revisado por Paulo Schor, médico oftalmologista, professor livre docente e diretor de inovação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e colaborador da Faculdade de Medicina do Hospital Albert Einstein.
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