A ONG Zoé atua levando assistência médica a comunidades indígenas e ribeirinhas que vivem em algumas das regiões mais remotas e desassistidas do país. São os chamados “guardiões da floresta”, moradores da Amazônia que enfrentam grandes desafios de acesso à saúde, como a proporção de apenas 1,39 médico para cada mil habitantes nessas áreas.
Entre os dias 28 de junho e 6 de julho de 2025, a ONG realizou sua maior ação até o momento: a 35ª expedição, batizada de Junho Cirúrgico, no município de Belterra (PA). Durante os nove dias de missão, uma equipe de 48 voluntários prestou 2.219 atendimentos, incluindo procedimentos, cirurgias, consultas e exames em diversas especialidades.
Ao todo, foram realizadas:
- 108 cirurgias (gerais, ginecológicas e dermatológicas);
- 998 consultas em especialidades como oftalmologia, dermatologia, pediatria, otorrinolaringologia, geriatria, fisiatria, fonoaudiologia e ginecologia;
- 1.063 exames, incluindo exames oftalmológicos, fisiátricos, dermatológicos, ultrassonografias e audiometrias.
“Durante nove dias garantimos o acesso a especialidades inexistentes ou indisponíveis na região, desafogando o sistema de saúde local. Por exemplo, foi o primeiro atendimento de otorrinolaringologia na aldeia”, destaca a coordenadora executiva da ONG Zoé, Andréia Laplana.
Esta também foi a primeira expedição da ONG com o uso do retinógrafo portátil Eyer2. O equipamento permite a captura de imagens de alta definição dos segmentos anterior e posterior do olho, viabilizando exames oftalmológicos precisos mesmo em regiões remotas.
Integrado à inteligência artificial EyerMaps e à plataforma online EyerCloud, o sistema possibilita a triagem rápida de alterações retinianas e o acompanhamento remoto por especialistas, oferecendo um novo patamar de cuidado ocular em expedições como esta.

35ª expedição, batizada de Junho Cirúrgico, no município de Belterra (PA), foi a maior ação da ONG Zoé até o momento.
Eyer2 amplia diagnósticos oftalmológicos e agiliza o atendimento em campo
A utilização do Eyer2 durante a expedição trouxe avanços significativos para a triagem, o diagnóstico e o registro de doenças oculares nas comunidades indígenas e ribeirinhas da região. Ao todo, foram 729 exames de visão realizados com precisão e agilidade.
Entre os principais achados clínicos estão casos de glaucoma, toxoplasmose ocular e degeneração macular relacionada à idade (DMRI). Graças a essa triagem, foi possível distribuir 173 óculos personalizados, devolvendo autonomia, nitidez visual e mais qualidade de vida aos atendidos.
Segundo a coordenadora de oftalmologia da ONG Zoé, Maria Beatriz Lacerda Coelho de Paula, o equipamento se destacou por agregar valor em duas frentes: agilidade no fluxo de trabalho e documentação dos casos.
“A documentação fornecida pelo Eyer2 nos permite planejar futuras ações na mesma região. Além disso, a facilidade de manuseio possibilitou que uma oftalmologista e um técnico treinado realizassem retinografias de alta qualidade. Essa agilidade foi decisiva para atender um número maior de pacientes em um curto período, algo essencial em uma expedição com logística complexa e diversas especialidades envolvidas”, ressalta Maria Beatriz.
A oftalmologista também compartilhou um momento marcante da missão. “Uma acadêmica fez um de seus primeiros diagnósticos, um caso de glaucoma. Perceber que, com os instrumentos certos e um treinamento básico, é possível mudar o curso da vida de um paciente é algo muito significativo”, conta.
“Sou muito grata ao pessoal da Phelcom por nos ter emprestado o Eyer. É muito autêntico o interesse da empresa de que esse produto tenha propósito, que atenda a quem precisa”, afirma.

Exame feito com o Eyer2 durante ação da ONG Zoé em Belterra (PA).
Experiência e propósito
A ideia de utilizar o Eyer2 na expedição em Belterra (PA) partiu de Maria Beatriz. Seu primeiro contato com o Eyer aconteceu antes mesmo do lançamento oficial, quando o CEO da Phelcom, José Augusto Stuchi, apresentou o protótipo à equipe de oftalmologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), em São Paulo, em 2018.
Durante a pandemia de covid, o Eyer passou a fazer parte da sua rotina profissional. “Eu trabalhava na linha de frente do HC e usávamos o aparelho para realizar fundoscopias nos pacientes e documentar os casos para os protocolos clínicos”, relembra.
Além da atuação na ONG Zoé, Maria Beatriz utilizou o equipamento em outras iniciativas sociais, como o projeto Aldeia em Foco. Seu envolvimento com expedições começou ainda na graduação, por meio do projeto Bandeira Científica, da Faculdade de Medicina da USP. “Participei de duas bandeiras: uma como interna do quinto ano e outra já como residente em oftalmologia. Foi nessa época que comecei a me interessar pela especialidade. Antes de escolher oftalmo, eu já tinha escolhido as expedições”, conta.
Ao longo do tempo, o que começou como curiosidade e desejo de conhecer outras realidades, se transformou em missão. “Fazer uma expedição passou a significar ser útil em um lugar onde você é realmente necessário. Não é apenas o aspecto técnico: só o fato de ouvir as pessoas e oferecer acolhimento já faz uma grande diferença”, reflete.
Ela resume a motivação em uma palavra: propósito. “Estar no lugar certo, na hora certa, com pessoas que precisam de você… isso traz muito propósito à vida. E propósito é uma das coisas que nos aproxima da felicidade.”
No primeiro semestre deste ano, Maria Beatriz já participou de três expedições. Até o momento, tem outras duas programadas para o segundo semestre — em outubro e dezembro. “É algo que coloquei como prioridade na minha vida, praticamente desde que comecei a trabalhar”, revela.

Equipe da ONG Zoé na 35ª expedição, batizada de Junho Cirúrgico, no município de Belterra (PA).
Sobre a ONG Zoé
A ONG Zoé atua desde o final de 2019, promovendo o acesso à saúde para comunidades indígenas e ribeirinhas da Amazônia — populações historicamente negligenciadas no sistema público de saúde brasileiro.
A organização realiza expedições médicas que levam especialistas e infraestrutura básica a regiões de difícil acesso, onde o número de médicos por habitante está entre os mais baixos do país.
Desde sua fundação, a ONG já realizou 35 expedições, somando mais de 15 mil atendimentos com a colaboração de 352 voluntários, que juntos dedicaram mais de 24 mil horas de trabalho às ações em campo.
As expedições envolvem múltiplas especialidades, exames, cirurgias e a distribuição de medicamentos e insumos com o objetivo de garantir cuidado integral e contínuo às comunidades atendidas.
Quem deseja contribuir com essa missão pode fazer parte como voluntário ou doador. Acesse o site da organização e saiba: www.ongzoe.org.
Eyer2
O Eyer é um retinógrafo portátil que funciona acoplado a um smartphone e realiza exames de retina de alta qualidade, em poucos minutos e sem a necessidade de dilatação da pupila.
A tecnologia apoia no diagnóstico de mais de 50 doenças, dentre elas glaucoma, catarata, retinopatia diabética, DMRI, retinoblastoma, retinopatia hipertensiva, retinopatia da prematuridade e toxoplasmose ocular.
Recentemente, chegou ao mercado o Eyer2 com novas ferramentas embarcadas e funcionalidades aprimoradas. O equipamento possibilita a detecção de diversas doenças e condições do segmento anterior do olho, como blefarite e demais alterações de cílios, disfunção das glândulas meibomianas, hordéolos, tumores conjuntivais, tumores palpebrais, catarata avançada, corpo estranho, queimaduras, lesões na córnea e ceratites em geral causadas por olho seco, lente de contato, infecções e úlceras, dentre outros.
Sobre a Phelcom
A Phelcom Technologies é uma medtech brasileira sediada em São Carlos, interior de São Paulo. A história da empresa começou em 2016, quando três jovens pesquisadores – um físico, um engenheiro eletrônico e um engenheiro de computação (PHysics, ELetronics, COMputing) – criaram um retinógrafo portátil integrado a um smartphone.
O primeiro protótipo da Phelcom foi inspirado pela experiência pessoal de um dos sócios, Diego Lencione, cujo irmão enfrentou uma grave condição que comprometeu severamente sua visão desde a infância.
Em 2019, a Phelcom lançou no mercado brasileiro o seu primeiro produto: o retinógrafo portátil Eyer. Cinco anos depois, lançou o Eyer2, uma plataforma de exames visuais que permite realizar registros dos segmentos posterior e anterior com alta qualidade de imagem.
Atualmente, a tecnologia da Phelcom já beneficiou mais de duas milhões de pessoas no Brasil e em diversos países, como Estados Unidos, Japão, Chile, Colômbia e Emirados Árabes, sendo utilizada também em mais de 100 ações sociais.