De acordo com o primeiro Relatório Mundial sobre Visão, desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 2,2 bilhões de pessoas sofrem com problemas de visão em todo o mundo. Desse total, 1 bilhão de casos seriam evitáveis ou passíveis de correção, como miopia, catarata, glaucoma e hipermetropia. Ou seja, são pessoas que não receberam os cuidados necessários, como diagnósticos precoces e tratamentos efetivos.
Para reforçar esses números, diversas pesquisas demonstram que está crescendo os casos de pacientes com baixa visão funcional devido à alguma deficiência.
Neste sentido, um estudo da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), da USP, analisou os prontuários médicos de pacientes do Hospital das Clínicas da FMRP (HCFMRP) entre 2009 e 2017. O artigo foi publicado na revista Scientific Reports.
Em seguida, veja como ocorreu a pesquisa e os resultados sobre como doenças evitáveis podem causar deficiência visual intratável.
A pesquisa
Os pesquisadores levantaram os dados dos prontuários médicos dos pacientes atendidos no ambulatório de Reabilitação Visual do Centro de Reabilitação (CER) do HCFMRP. Dentre as principais informações, estavam causa da baixa visão funcional, o quanto enxergavam e quais foram os auxílios ópticos prescritos.
Ao todo, foram avaliados 1.393 pacientes, separados em três grupos: de 0 a 14 anos, de 15 a 49 anos e com 50 anos ou mais. Os idosos representavam 38,8% dos pacientes e as crianças, 36,7%.
Os resultados
As três maiores causas identificadas de baixa visão funcional nas crianças foram paralisia cerebral (27,9%), toxoplasmose ocular (8,2%) e retinopatia da prematuridade (7,8%). Esses resultados apontam na direção da necessidade de um acompanhamento pré e perinatal das crianças.
Já entre os adultos de meia-idade, estão retinite pigmentosa (7,4%) e distrofia de cones-bastonetes (6,5%). Por fim, os motivos nos idosos são degeneração macular relacionada à idade (25,3%) e retinopatia diabética (18%).
A importância do levantamento está em aumentar o conhecimento sobre as doenças que estão relacionadas à baixa visão funcional. “Se conseguimos evitar a cegueira, melhoramos a qualidade de vida das pessoas e aumentamos a chance desses indivíduos atingirem um maior nível de estudo e produtividade no trabalho. Isto gera um benefício direto para quem sofre a ação em saúde, mas também para seu entorno e a sociedade em geral”, acredita o professor da FMRP e coordenador do estudo, João Marcello Furtado.
Fonte: Giovanna Grepi/Jornal da USP
Revisado por Paulo Schor, médico oftalmologista, professor livre docente e diretor de inovação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e colaborador da Faculdade de Medicina do Hospital Albert Einstein.
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