Na infância, o Co-Founder e CTO da Phelcom, Diego Lencione, sonhava em ser oftalmologista. O objetivo era ajudar pessoas que sofriam de comprometimento da retina e da visão como o seu irmão mais velho, Welber Lencione.
Welber foi diagnosticado com alta miopia aos sete meses de vida. Durante a infância, chegou a ter 17 graus. A principal dificuldade da doença é conseguir enxergar objetos distantes com nitidez. Contudo, para quem tem alto grau, os sintomas são ainda mais graves e impactam significativamente a qualidade de vida.
Na escola, enxergar as letras pequenas na lousa era um verdadeiro desafio para Welber. “Para eu conseguir ver bem, preciso me aproximar bastante do celular, computador ou da televisão, por exemplo. Sem os óculos não consigo nem sair de casa”, explica.
A miopia elevada pode causar uma série de complicações oculares e danos significativos à visão. Aos 11 anos, Welber sofreu descolamento da retina em ambos os olhos. Na época, ficou internado em um hospital durante dois meses para realizar o tratamento.
Aos 18 anos, teve um novo episódio de descolamento de retina, também nos dois olhos. Porém, já existia a técnica de cirurgia a laser. No mesmo dia, voltou para casa. Desde então, não teve mais complicações e a miopia caiu para 11 graus nos últimos anos. “Tudo isso fez eu crescer bastante interiormente. No final, o tempo vai passando e as coisas vão se acertando”, reflete.
Atualmente, Welber leva uma vida produtiva e repleta de conquistas. Trabalha como vigilante na Universidade de São Paulo (USP) há 18 anos, tem um filho, o jovem Andrew, de 12 anos, é um leitor assíduo e, recentemente, se tornou maratonista.
Welber Lencione durante uma competição.
Corrida
Welber conta que sempre gostou muito de esporte. Há sete anos, começou a correr. “Não tenho nenhuma dificuldade relacionada à minha visão. Me sinto 100% eu na corrida”.
O atleta participa de competições em São Carlos (SP) e região há três anos. Para se preparar, treina no próprio bairro, dia sim e dia não, na companhia de alguns colegas. Em janeiro, conquistou algo inédito: completou uma maratona, em Ribeirão Preto (SP).
Welber ganhou a companhia do filho, Andrew, nos últimos 100 metros da Maratona de Ribeirão Preto.
Welber revela que tem vontade de repetir a dose, mas na famosa Corrida Internacional de São Silvestre, que ocorre anualmente em 31 de dezembro, na cidade de São Paulo. O empecilho? “É uma data muito ruim”, brinca.
Inspiração
Na primeira cirurgia de Welber, Diego tinha quatro anos de idade. Ele precisou passar dias longe do tão querido irmão e da mãe, que ficou com o primogênito por dois meses no hospital.
Durante a infância e adolescência, Diego acompanhou toda a jornada do irmão. “Quando cresci, a vida foi me levando para outras áreas e acabei cursando Física. Na faculdade, me especializei em óptica e, quando me dei conta, já estava trabalhando com pesquisa e desenvolvimento de equipamentos oftalmológicos”, relembra Diego.
O Co-Founder e CTO da Phelcom, Diego Lencione, com o irmão, Welber Lencione.
Daí surgiu a Phelcom e a ideia de criar o Eyer – um retinógrafo portátil que visa auxiliar no combate à deficiência visual grave e à cegueira. Os primeiros exames, dos primeiros protótipos, aconteceram nos olhos de Welber. “Foi um momento inesquecível. Criamos algo que possibilitou vermos com nitidez as alterações na retina dele e que, em breve, seria útil para muitas outras pessoas. Muitas vezes, ao longo da história da Phelcom, me vi voltando a essa essência, especialmente nos momentos mais difíceis da empresa”, revela.
E o irmão continua sendo fonte de inspiração para Diego. Há pouco tempo, o caçula fez uma nova retinografia em Welber com o auxílio do EyerMaps, sistema de Inteligência Artificial (IA) que roda embarcado no Eyer e detecta com alta acurácia qualquer suspeita de anormalidades retinianas.
A IA apontou a presença de algo novo no fundo do olho de Welber. “Meu irmão até desconfiou de um novo descolamento de retina. Mas, com mais exames, o oftalmologista concluiu que é uma espécie de membrana que nasceu no local e que não afeta a visão”, conta, aliviado.
Sobre a Phelcom
A Phelcom Technologies é uma medtech brasileira sediada em São Carlos, interior de São Paulo. A história da empresa começou em 2016, quando três jovens pesquisadores – um físico, um engenheiro eletrônico e um engenheiro de computação (PHysics, ELetronics, COMputing) – criaram um retinógrafo portátil integrado a um smartphone.
Em 2019, a Phelcom lançou no mercado brasileiro o seu primeiro produto: o retinógrafo portátil Eyer, vencedor dos prêmios World Summit Award 2020 e Falling Walls Lab 2016.
Hoje, a tecnologia já alcançou mais de duas milhões de pessoas em todo o Brasil e nos países em que está presente.